Trump questiona acusações de mulher que denunciou abuso de juiz indicado à Suprema Corte
O presidente Donald Trump reiterou, nesta sexta-feira (21), o apoio a seu candidato para a Suprema Corte dos Estados Unidos, o juiz Brett Kavanaugh, questionado por uma acusação de agressão sexual, e pôs em xeque o testemunho de Christine Blasey Ford, que denunciou o abuso.
Segundo a professora, Kavanaugh a teria abusado sexualmente quando ainda estavam no colégio, 36 anos atrás.
"Não tenho dúvida de que, se o ataque contra a doutora Ford foi tão terrível como ela conta, então teria apresentado imediatamente acusações às autoridades locais encarregadas do cumprimento da lei", tuitou o presidente norte-americano, desconsiderando o fato de que a reação comum de muitas vítimas de abuso é manter-se em silêncio, as vezes por anos, decorrente de medo ou vergonha.
Até a denúncia, Kavanaugh, um juiz de tendência conservadora, parecia caminhar para ter seu nome confirmado ao cargo vitalício.
"O juiz Brett Kavanaugh é um bom homem, com uma reputação intocável, que está sendo atacado por políticos radicais de esquerda que não querem saber as respostas. A única coisa que querem é destruir e atrasar. Não lhes importam os fatos. Tenho que lidar com isso todo o dia em D.C. (Washington)", insistiu Trump, mostrando-se aparentemente impaciente com a demora da confirmação de seu indicado no Congresso.
A chegada de Kavanaugh à Suprema Corte colocaria os juízes progressistas, ou moderados, em minoria durante muitos anos nessa Casa, uma instância que decide questões fundamentais para a sociedade americana, como o direito ao aborto, a posse e o porte de armas de fogo e os direitos das minorias.
As declarações de Trump foram criticadas pelo senador democrata Chuck Schumer, que classificou os tweets de Trump como "um desentendimento ofensivo dos processos de sobrevivência a traumas"
"Milhares e milhares de mulheres fortes escondem os abusos que sofreram por inúmeras razões. O presidente nem sequer tenta entender o que é sobreviver a um trauma -- ele prefere usar essa dor com propósitos políticos", tuitouo senador.
Investigação antes de testemunhar
Os advogados de Ford e vários políticos democratas pediram em reiteradas ocasiões que o FBI abra uma investigação sobre o caso.
O Comitê Judiciário do Senado, encarregada de examinar a candidatura do juiz, convocou as duas partes, para a próxima segunda-feira, para darem suas explicações.
Depois de vários dias de silêncio, o advogado de Ford afirmou, na quinta-feira (20), que sua cliente está disposta a testemunhar diante dos senadores, desde que se cumpram suas condições.
A primeira delas é não comparecer na segunda-feira, porque não pode, embora tenha se mostrado disposta a ir em um outro dia da próxima semana.
Na segunda-feira, "não é possível, e a insistência da Comissão de que assim seja é arbitrária de qualquer maneira", disseram seus advogados.
Ford também exige que a audiência seja "justa" e que sua segurança esteja garantida.
"Como vocês sabem, ela recebeu ameaças de morte, que foram denunciadas ao FBI, e tanto ela quanto sua família tiveram de deixar sua casa", acrescentaram seus representantes.
"Ela deseja testemunhar, desde que possamos acertar condições que sejam justas e que garantam sua segurança", acrescentaram.
Além disso, os advogados apontaram que sua cliente prefere que haja uma investigação do FBI antes de testemunhar.
Furiosos, os republicanos criticam a o adiamento da votação que confirmaria a nomeação de Kavanaugh, acusando os democratas de tentar atrasar o processo para as eleições parlamentares de novembro, onde estes esperam conseguir pelo menos uma câmara no congresso. Os democratas, por sua vez, acusam os republicanos de querer apressar o processo antes das eleições, enquanto ainda têm controle da legislatura
O líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell, manifestou não ter dúvida sobre a nomeação de Kavanaugh.
"Vocês viram a briga, observaram as táticas, mas quero lhes dizer algo: em um futuro muito próximo, o juiz Kavanaugh vai estar na Suprema Corte dos Estados Unidos", frisou.
(*Com informações da AFP e Reuters)
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