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Casal 'feminicida em série' choca o México ao confessar assassinatos de 20 mulheres

8.out.2018 - Juan Carlos N. e a esposa, Patricia N., acusados de matarem pelo menos 20 mulheres em Ecatepec, no México - EFE
8.out.2018 - Juan Carlos N. e a esposa, Patricia N., acusados de matarem pelo menos 20 mulheres em Ecatepec, no México Imagem: EFE

Do UOL, em São Paulo

09/10/2018 08h49

Um casal foi preso na última sexta-feira (5 em Ecatepec de Morelos, no México, sob a acusação pela morte de pelo menos 20 mulheres, em uma série de crimes de feminicídio que chocou o país.

Identificados como Juan Carlos N. e Patricia N., eles foram presos na última sexta quando caminhavam com um carrinho de mão que continha o cadáver de uma mulher, que supostamente seria abandonado em um terreno baldio da região.

As autoridades encontraram na residência onde o casal morava com seus três filhos - dois meninos e um bebê - oito recipientes de plástico com restos humanos cobertos de cimento, revelou a promotoria. Em um refrigerador foram encontrados mais corpos congelados, enrolados em sacos plásticos, segundo os promotores.

A confissão do casal sobre como os assassinatos ocorreram chocou os promotores, segundo o procurador-geral do Estado do México, Alejandro Jaime Gómez Sánchez, que os classificou como "feminicidas em série".

7.out.2018 - Mexicanas protestam em Ecatepec após a prisão do casal acusado pela morte de 20 mulheres - EFE - EFE
Mexicanas protestam e pedem justiça em Ecatepec após a prisão do casal
Imagem: EFE

"Com toda naturalidade, ele admitiu ter participado de ao menos 20 feminicídios, e nos deu características e detalhes específicos de dez caso. Deu os nomes das vítimas, as roupas que vestiam na ocasião", informou Gómez Sánchez, ao comentar a confissão de Juan Carlos N.

"Nunca havíamos enfrentado um caso desta natureza. Classifico esta pessoa como um um 'feminicida' em série", destacou Gómez, sobre Juan Carlos N..

O homem declarou à Promotoria ter "abusado sexualmente de algumas mulheres antes de assassiná-las, e posteriormente vendeu seus corpos, assim como seus pertences". Após a confissão, as autoridades recuperaram um bebê de 2 meses que o casal vendeu depois de ter assassinado a mãe da criança.

Segundo Gómez Sánchez, o suposto assassino mostrava alegria quando narrava os fatos, sem qualquer indício de remorso, e que para ele os crimes representavam "uma questão de orgulho". "Ele nos passa estes dados com vontade de sair na foto, que as pessoas o conheçam", acrescentou.

Exames psiquiátricos oficiais revelaram que o homem apresenta um "transtorno mental psicótico e de personalidade", e a mulher "tem um retardo mental de nascimento e um delírio induzido adquirido, mas ambos sabem distinguir entre o bem e o mal", segundo o promotor.

Desaparecimentos

O casal foi preso durante a investigação sobre o desaparecimento de pelo menos três mulheres, as quais, segundo as autoridades, poderiam em algum momento ter tido contato com o casal em questão.

O casal atraía as vítimas oferecendo roupas de bebês para a venda. A companheira do homicida facilitava os contatos com as mulheres, geralmente "mães solteiras que tinham a necessidade de comprar roupas baratas" para seus bebês, explicou o promotor.

A investigação os levou ao endereço onde o casal morava. Eles foram abordados pelos agentes no momento em que deixavam. Foi nesse instante que os oficiais encontraram os restos mortais no carrinho de mão que estavam usando.

O caso deflagrou uma romaria de pessoas em Ecatepec à procura de mulheres desaparecidas.

Nas redes sociais, Juan Carlos N. foi citado como "O Demônio de Ecatepec", e ativistas convocaram uma manifestação com o tema "Um grito de ajuda para as mulheres em Ecatepec: Estão nos matando".

*Com EFE e AFP