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Prefeitura de Barcelona critica "discurso de ódio de Bolsonaro" e Escola sem Partido

Ada Colau e Gerardo Pisarello, prefeita e vice-prefeito de Barcelona, do partido de esquerda Barcelona en Comú - Reprodução / Facebook
Ada Colau e Gerardo Pisarello, prefeita e vice-prefeito de Barcelona, do partido de esquerda Barcelona en Comú Imagem: Reprodução / Facebook

Bruno Aragaki

do UOL, em São Paulo

18/11/2018 09h13

Por iniciativa do partido da prefeita de Barcelona, Ada Colau, o Conselho Municipal da cidade, equivalente a uma câmara de vereadores, aprovou um documento "em defesa da democracia no Brasil e de condenação ao discurso de ódio de Jair Bolsonaro". O texto foi votado antes do feriado da Proclamação da República no Brasil, na quarta-feira (14).

"O Brasil está imerso num dos momentos mais complicados desde o golpe de Estado de 1964, que iniciou a ditadura militar", diz o parágrafo inicial do texto de três páginas, em catalão.

A publicação não tem efeitos práticos, mas sinaliza a opinião da administração de uma das cidades mais importantes da Europa.

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Apresentado pelos partidos Barcelona en Comú, agremiação de esquerda que conta com 11 das 41 cadeiras na câmara, e pelo Grup Municipal Demòcrata, com 9 assentos, o documento diz que a situação "está ligada com o desencanto dos cidadãos brasileiros com a situação política geral e com os casos de corrupção política dos mandatos anteriores".

Após apresentar o que considera ser o momento político brasileiro, o documento aprova uma declaração institucional que propõe nove tópicos. 

  1. "Condenar o discurso de ódio e a violência do recém-eleito presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e exigir-lhe que cumpra estritamente a Constituição brasileira de 1998"
  2. "Expressar apoio da cidade de Barcelona aos cidadãos brasileiros mobilizados contra esses discursos, em especial às mulheres que impulsionaram o movimento #EleNão"
  3. "Mostrar a mais profunda preocupação pela nomeação de Sergio Moro como Ministro da Justiça"
  4. "Exigir proteção e segurança para toda população brasileira, diante das ameaças que membros do partido de Bolsonaro lançaram contra movimentos de mulheres, assim como contra diversos coletivos e minorias étnicas, sexuais e de outros tipos"
  5. "Exigir uma missão internacional de observadores independentes que possam validar a independência judiciária no Brasil e garantir um julgamento justo e com todas as garantias para o ex-presidente Lula da Silva. Enquanto isso, exigimos também a liberação imediata do ex-presidente brasileiro".
  6. "Recusar o grande recuo em temas ambientais e na proteção real e efetiva de zonas protegidas de povos nativos e quilombolas".
  7. "Recusar a mudança no modelo educativo que se pretende desenvolver no Brasil ('Escola sem partido') e a criminalização de docentes"
  8. "Recusa a criminalização dos meios sociais"
  9. "Levar esses pontos ao embaixador do Brasil na Espanha, ao governo catalão e ao governo espanhol para que atuem em conformidade".

A aprovação da declaração não foi por unanimidade.

O Partit dels Socialistes de Catalunya, com 4 votos, se absteve por que a declaração não abordou a questão do Estado laico. Por motivos diferentes, o texto também não recebeu apoio por formações de centro-direita:

O Partido Popular, com 3 votos, votou contra por entender que "não cabe interferência". E o Ciutadands, com 5 cadeiras, se absteve com o argumento de que Bolsonaro ainda não assumiu o poder. 

Nas redes sociais, o vice-prefeito da cidade, Gerardo Pisarello, publicou um vídeo em espanhol, com legenda em português, que diz que "a prefeitura de Barcelona aprovou uma declaração institucional em que condena o discurso de ódio do atual presidente do Brasil, na qual se compromete com os direitos humanos nesse país irmão".  Pisarello também pede liberdade ao ex-presidente Lula.

Com 1,6 milhão de habitantes, Barcelona é a segunda maior cidade da Espanha e uma das cidades mais visitadas do mundo. Nas eleições presidenciais, Bolsonaro foi o mais votado entre os brasileiros na cidade no primeiro turno-- teve 38% dos votos no primeiro turno, mas ficou atrás de Fernando Haddad no segundo turno, com 46%.