Josmar Jozino

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Reportagem

Investigador procurado pela PF por 'ligação' com o PCC é preso

O investigador da Polícia Civil Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, procurado no bojo da Operação Tacitus, foi preso nesta segunda-feira (23). O policial, que fazia a segurança do cantor Gusttavo Lima, era o único foragido entre os oito alvos da ação da PF (Polícia Federal).

A coluna apurou que Rogerinho foi preso em Santos, no litoral paulista, em ação realizada pela Polícia Civil em conjunto Corregedoria da corporação após trabalhos de inteligência.

A operação da PF foi deflagrada na última terça-feira (17) para desarticular uma organização criminosa voltada à lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública, em ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Os alvos da operação foram denunciados à Corregedoria da Polícia Civil e ao Ministério Público Estadual pelo empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, delator do PCC, assassinado a tiros em 8 de novembro deste ano no aeroporto internacional de Guarulhos (SP), oito dias após ter denunciado os policiais à Corregedoria da corporação. Os acusados são um delegado, quatro investigadores —incluindo Rogerinho—, um advogado e dois empresários.

A defesa de Rogerinho não foi encontrada para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.

Quem é Rogerinho?

É investigador da Polícia Civil de São Paulo. O relatório da PF aponta indícios de crimes funcionais praticados por ele, pois há fotografias em que é possível observá-lo usando relógios dos modelos e marcas de Vinícius Gritzbach. Há também áudios do investigador Eduardo Lopes Monteiro e do delegado Fábio Baena Martin mencionando provavelmente os relógios e um sítio que teriam sido subtraídos do delator.

Rogério é atualmente casado com Danielle Bezerra dos Santos, ex-mulher de Felipe Geremias dos Santos (vulgo Alemão), apontado em diversas investigações policiais como Sintonia do PCC. Eles são também sócios em duas empresas.

A condição financeira de Rogério, segundo o relatório da PF, é incompatível com a realidade de um policial civil a partir de "várias operações financeiras suspeitas". Para a PF, assim como Eduardo e Baena, Rogério estaria envolvido em casos de corrupção relacionados ao PCC.

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Já os investigadores Marcelo Souza, o Bombom, e Marcelo Ruggieri, o Xará, seriam responsáveis por fazer os "acertos" —em alusão à corrupção dentro das estruturas da Polícia Civil do Estado de São Paulo— de membros do PCC com policiais corruptos.

Operação

O delegado Fábio Baena Martin, os investigadores Eduardo Lopes Monteiro, Rogério de Almeida Felício, Marcelo Ruggieri, Marcelo Bombom e mais três pessoas foram alvos de mandados de prisão na terça-feira em uma operação deflagrada pela Polícia Federal e MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo). Na ocasião, todos os policiais, com exceção de Rogerinho, foram presos.

Além deles também foram alvos de mandados de prisão o advogado Ahmed Hassan Saleh, o Mudi, e os empresários Robinson Granger de Moura, o Molly e Ademir Pereira de Andrade, todos denunciados por Gritzbach por suposto envolvimento com o PCC.

A operação apreendeu R$ 621 mil, 942 dólares, 1.570 euros além de joias e armas. Entre os armamentos, estavam dois fuzis e uma pistola.

Gritzbach declarou que o delegado Baena e o investigador Eduardo, quando atuavam no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), exigiram dele R$ 40 milhões para tirar seu nome de um inquérito ao qual era investigado por envolvimento em um duplo assassinato.

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O empresário foi acusado de ser o mandante das mortes de Anselmo Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, narcotraficante até então influente no PCC, e do comparsa Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, 33, motorista dele, executados a tiros em 27 de dezembro de 2021, no Tatuapé, zona leste.

Após a prisão, os advogados Daniel Bialski e Bruno Borragine, que defendem Fábio Baena Martin e Eduardo Lopes Monteiro chamaram as prisões de "arbitrariedade flagrante". Em nota, os advogados esclarecem que "ambos compareceram espontaneamente para serem ouvidos e jamais causaram qualquer embaraço às repetidas investigações. Ademais, a defesa denuncia o gravíssimo fato que não se deu o Direito e oportunidade ao delegado Baena contatar seus advogados avisando de sua prisão e do cumprimento do mandado de busca, o que somente reforça a ilegalidade denunciada".

A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos demais acusados, mas o espaço continua aberto para manifestação dos defensores de todos eles. O texto será atualizado caso haja um posicionamento.

Reportagem

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