Quais são as acusações contra Cristina Kirchner, julgada a partir de hoje
Agora candidata à vice-presidência da Argentina, Cristina Kirchner estará no banco dos réus a partir de hoje para responder por um dos vários processos aos quais é acusada na Justiça argentina. Ela responde por corrupção, lavagem de dinheiro, associação ilícita, fraudes e administração fraudulenta. A senadora, que tem foro privilegiado, nega as acusações.
No processo cujo julgamento começa hoje, a líder do kirchnerismo é investigada por suspeita de favorecer o Grupo Austral, do empresário Lázaro Báez, próximo à família Kirchner, com contratos de obras públicas na região de Santa Cruz, na Patagônia argentina, reduto kirchnerista. Ela seria a líder de um esquema de desvio de verbas públicas.
O processo inclui o período dos mandatos do marido de Cristina, Néstor Kirchner (2003-2007), e dos dois governos da própria Cristina (2007-2015). Báez está preso há três anos.
Mesmo com o início do julgamento, Cristina pode manter a candidatura à vice-presidência nas eleições de outubro. Dois motivos explicam a decisão anunciada no final de semana. O primeiro é que o julgamento deve ser longo, dificilmente devendo ser concluído até o fim do ano. Cristina ainda tem a possibilidade de recorrer do resultado.
Em segundo lugar, há o foro por ser senadora. Para perder o privilégio, seria necessária uma votação majoritária contra ela no Congresso --mas não há votos da ala governista para tanto.
Cristina anunciou a posição de vice na chapa do peronista Alberto Fernández, que foi chefe de gabinete de Néstor e já criticou a senadora publicamente algumas vezes. No sábado, Cristina afirmou que líderes devem "deixar a vaidade de lado" e que está disposta "a ajudar a partir de um lugar onde possa ser mais útil". O vice-presidente argentino também é o presidente do Congresso.
Cristina afirma que o julgamento de hoje é "perseguição política", por ela liderar pesquisas de intenção de voto desde abril. Além do processo atual, veja as principais acusações contra Cristina Kirchner.
Hotesur
Cristina e os filhos, Maximo e Florencia, são investigados por associação ilícita e lavagem de dinheiro nos hotéis dos Kirchner em Santa Cruz, na Patagônia. No esquema, empresários ligados aos kirchneristas reservavam quartos nos hotéis para repasse de subornos --andares inteiros com suítes superfaturadas permaneciam vazios. O empresário Lázaro Báez também estaria envolvido no esquema ao receber a concessão de 78,4% das obras públicas na era Kirchner, entre 2003 e 2015.
Los Sauces
Foi o segundo processo por corrupção enfrentado por Cristina e pelos filhos. Eles respondem por enriquecimento ilícito, associação ilícita e lavagem de dinheiro por meio de aluguéis da imobiliária Los Sauces. O esquema teria operado por mais de dez anos, até 2016, e os principais "clientes" da imobiliária eram Báez e outro empresário, Cristóbal López, que também está preso.
Dólar futuro
A senadora responde por irregularidades na venda de dólar futuro pelo Banco Central argentino durante seu segundo mandato para impedir a subida do dólar. A moeda foi vendida por um preço mais baixo do que o mercado pagou posteriormente, fazendo o governo perder US$ 3,5 bilhões (cerca de R$ 14 bilhões).
Memorando com o Irã
O procurador Alberto Nisman foi assassinado em janeiro de 2015, dias depois de acusar Cristina e Héctor Timerman, ministro de Relações Exteriores, de encobrir os iranianos acusados pelo atentado contra o centro judaico AMIA em Buenos Aires. O ataque, realizado em 1994, deixou 85 mortos e 300 feridos.
Cristina teria assinado um memorando de entendimento com o governo de Teerã que assegurava a impunidade dos envolvidos no país persa em troca de negociações comerciais com Teerã.
A ex-presidente não está envolvida diretamente no assassinato de Nisman, encontrado morto com um tiro na cabeça em seu apartamento. Mas a Justiça argentina pede que o caso tenha continuidade. Existe uma ordem de prisão contra a senadora expedida em relação a este caso. Mas que não pode ser cumprida enquanto ela mantiver o foro.
Cadernos de corrupção
O caso tem como base oito cadernos com anotações do motorista Oscar Centeno, que registrou as entregas de dinheiro feitas durante dez anos. Ele teria levado mais de US$ 56 milhões em espécie pagos por grandes empresários por obras públicas.
Entre as anotações, feitas a mão, aparecem origem, destino, hora, local, valores entregues e endereços --entre eles, residências do casal Kirchner. Hoje há mais de dez pessoas presas investigadas neste caso. Cristina foi processada e teve a prisão preventiva decretada.
Rota do dinheiro K
O caso também envolve o empreiteiro Lázaro Báez, ligado aos supostos pagamentos de subornos nos esquemas envolvendo os hotéis e os aluguéis. Cristina era acusada de lavagem de dinheiro envolvendo a expatriação de cerca de US$ 60 milhões para a Suíça e a posterior repatriação de forma limpa para a Argentina.
Entretanto, em março, a Justiça determinou que faltavam elementos para determinar se a senadora deveria ser processada, pedindo que a investigação seja aprofundada antes de acusá-la formalmente.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.