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O Brasil está fazendo as coisas bem, deu uma virada, diz Trump a Bolsonaro

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o presidente dos EUA, Donald Trump, durante jantar na Flórida - Jim Watson/AFP
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o presidente dos EUA, Donald Trump, durante jantar na Flórida Imagem: Jim Watson/AFP

Do UOL, em São Paulo

07/03/2020 22h32Atualizada em 07/03/2020 22h50

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou hoje o colega brasileiro, Jair Bolsonaro, ao dizer que "o Brasil está realmente fazendo as coisas bem, deu uma virada", ao recebê-lo para jantar em sua casa de veraneio localizada em um resort de Mar-a-Lago, na Flórida.

Um dos principais assuntos entre os presidentes deve ser a possibilidade de adotar uma postura mais dura em relação ao regime chavista de Nicolás Maduro, informou a BBC. Os EUA qualificam a Venezuela como um Estado financiador do terrorismo e do tráfico de drogas na região, por isso tem imposto uma série de sanções econômicas sobre o regime venezuelano.

Desde o ano passado, Brasil, Colômbia e EUA defendem a saída de Maduro do poder e reconhecem o líder oposicionista Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, depois que ele se proclamou chefe de Estado do país após acusar Maduro de fraude nas eleições. O mandatário nega as acusações.

Segundo as fontes americanas, Trump deverá exortar Bolsonaro a se juntar a esses esforços. tomar medidas ainda mais duras contra o governo Maduro. O republicano tem tentado aumentar o foco de atenção e atuação dos EUA no continente americano e se retirar de disputas e ações armadas no Oriente Médio e em outras regiões do mundo, que ele considera de menor importância para o país.

A Venezuela vive uma grave crise econômica e política nos últimos anos. A hiperinflação, o alto índice de desemprego, o desabastecimento de produtos de necessidades básicas e o recrudescimento de medidas autoritárias do governo Maduro já levaram mais de 4 milhões de venezuelanos a sair do país ? a maior parte deles, 1,5 milhão, em direção à Colômbia.

O jantar entre Trump e Bolsonaro ocorre apenas três dias após o governo brasileiro determinar em Diário Oficial a retirada de todo o corpo diplomático nacional do país vizinho e ordenar que os representantes venezuelanos do governo Maduro deixem o território brasileiro, o que configura rompimento das relações de diplomacia entre Brasil e Venezuela.

Na mesa do encontro também deverá constar discussões sobre como aprofundar as relações econômicas bilaterais entre os dois países. Tanto Bolsonaro quanto Trump já expressaram o interesse de firmar um acordo de livre comércio e a burocracia dos dois países têm trabalhado para dissolver os chamados "irritantes comerciais", setores da econômico em que os países têm choque de interesses.

Um desses irritantes foi dissolvido no mês passado, quando os americanos liberaram seu mercado interno para a entrada de carne bovina brasileira, barrada há alguns anos sob justificativas sanitárias.

Ainda segundo assessores de Trump, a preocupação dos EUA?sobre sobre a entrada de empresas chinesas, como a Huawei, no mercado brasileiro do 5G também poderia ser tratada no encontro do americano com Bolsonaro.

O governo brasileiro excluiu a Folha da cobertura do jantar na Flórida. Um grupo de 15 jornalistas brasileiros foi selecionado pelo Planalto. Entre os veículos escolhidos pela equipe de Bolsonaro estão as emissoras de TV Globo, Record, Band e SBT, as agências de notícia Bloomberg, Reuters e AFP, a rádio Jovem Pan, os portais BBC Brasil e Metrópoles, os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo e a emissora pública EBC.

Por voltas das 21h, horário de Brasília, Bolsonaro compartilhou em seu perfil no Facebook uma foto da reportagem da Folha sobre o assunto, mas não emitiu nenhuma opinião sobre o assunto.

Está é a sua quarta viagem aos EUA em menos de 15 meses de mandato. Ele é o chefe de Estado brasileiro que mais visitou o país, proporcionalmente, nos últimos 35 anos.