Sem combustível, venezuelanos adaptam carros para rodar com gás de cozinha
Do UOL, em São Paulo*
28/05/2020 11h49Atualizada em 28/05/2020 12h52
A escassez de combustível na Venezuela levou parte dos motoristas a adaptar seus veículos para funcionarem com botijões de gás de cozinha. A prática foi flagrada por agências de notícias e divulgada hoje. O uso do gás de cozinha é perigoso e pode provocar incêndios e explosões.
Os mecânicos e os próprios motoristas modificam os sistemas de combustível dos veículos com um cilindro de propano do tipo usado para fogões de cozinha.
Um dos motivos é evitar as filas dos postos de gasolina que às vezes deixam as pessoas esperando dias para comprar gasolina.
Aumento da gasolina
O governo da Venezuela está avaliando subir o preço da gasolina, após a chegada de navios iranianos carregados com combustível em meio a uma grave escassez, disse o presidente Nicolás Maduro ontem.
"A gasolina que trouxemos do exterior, do Irã e de outros países, pagamos com dólares e muitas pessoas me propõem, e eu concordo, que a gasolina deve ser cobrada", afirmou Maduro em uma reunião com seus ministros transmitida pela televisão estatal, sem informar sobre as novas tarifas.
Cinco navios com suprimentos de gasolina e petróleo foram enviados à Venezuela pelo Irã em meio a tensões com os Estados Unidos, que expressaram "preocupação" com as relações cada vez mais próximas de Caracas com Teerã.
Em um país com inflação descontrolada - a mais alta do mundo, projetada pelo FMI em 15.000% até 2020 - e com uma desvalorização constante da moeda, o preço da gasolina está quase congelado há duas décadas.
Crônica há anos em grandes regiões do país, especialmente nas fronteiras, a escassez chegou a Caracas durante a quarentena do novo coronavírus.
A produção de petróleo da Venezuela despencou, de acordo com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), para um pouco mais de 600 mil barris por dia em comparação com mais de 3 milhões de uma década atrás, e as refinarias do país estão em colapso, incapazes de atender à demanda interna.
*Com informações da AFP