União Europeia não reconhece os resultados das eleições de Belarus
Do UOL, em São Paulo*
19/08/2020 10h53Atualizada em 19/08/2020 19h48
Os líderes de governos que integram o bloco da UE (União Europeia) não reconheceram os resultados que deram mais um mandato ao presidente Alexander Lukashenko, no dia 9 de agosto, sob suspeita de fraude eleitoral.
Na reunião extraordinária convocada hoje para discutir sanções contra o regime em Belarus, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que a disputa não cumpriu regras fundamentais para a liberdade.
"As eleições não foram justas ou livres e não cumpriram os padrões internacionais. Não reconhecemos os resultados apresentados pelas autoridades de Belarus", disse ele em entrevista coletiva, segundo a agência EFE.
Michel continuou dizendo que a situação no país "é preocupante" e que a violenta repressão do governo aos manifestantes que estão nas ruas há dez dias é "revoltante e inaceitável".
"A UE vai impor sanções em breve a um número substancial de indivíduos responsáveis", completou o presidente do conselho.
Antes da conferência, a ex-candidata exilada da oposição Sviatlana Tsikhanouskaya pediu por vídeo o apoio dos líderes europeus contra os resultados das urnas — ela disputou o pleito no lugar do marido, que foi preso em maio.
Apoio aos manifestantes e medidas
Charles Michel demonstrou apoio para as pessoas que estão organizando protestos contra Lukashenko desde o resultado das eleições.
"Estamos ao seu lado no desejo de exercer seus direitos e um futuro pacífico e democrático", disse ele, segundo informações do canal europeu Sky News.
Dentro das medidas planejadas, a reunião pretende organizar uma lista com pessoas que estariam envolvidas nas fraudes eleitorais e que também estejam ligadas às repressões violentas.
Já Ursula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia, anunciou um redirecionamento de um repasse de 53 milhões de euros — cerca de R$ 343 milhões — que estava destinado ao governo de Belarus.
Ela ainda afirmou que o futuro do país deve ser escolhido pelo próprio povo e explicou que as sanções devem ser tomadas o mais rápido possível.
Mediação não deu certo
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que Lukashenko se negou a falar com ela sobre a crise. Ele recusou todas as tentativas de telefonema com a mandatária.
Ela reforçou que a UE vai apoiar o setor da sociedade civil e que avisou Vladimir Putin, presidente da Rússia, que uma "intervenção militar russa complicaria as coisas".
"Do nosso lado, faremos tudo para pressionar por um diálogo nacional", disse ela, segundo a agência Reuters.
Firme na repressão
Lukashenko, por sua vez, ordenou hoje aos serviços secretos do país a prisão de líderes de manifestações contrárias ao governo e que reprimam qualquer ato da mesma natureza.
"Não deveria haver mais tumultos em Minsk. As pessoas estão cansadas, exigem paz e sossego", disse ele após reunião com o conselho de segurança, segundo informou o jornal El País.
O líder pediu ainda um rigor nas fronteiras de seu país, inclusive com a Rússia, para "controlar qualquer entrada de tropas ou armas" e "evitar qualquer provocação".
*Com informações das agências EFE e Reuters