Putin foca em resposta a sanções e Kremlin evita falar antes de negociações
Do UOL, em Brasília*
28/02/2022 08h40Atualizada em 28/02/2022 11h18
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, está concentrado nas respostas às sanções econômicas impostas ao país pela União Europeia, pelos Estados Unidos e pelo Reino Unidos, informou nesta segunda-feira (28) o Kremlin. O governo russo, por sua vez, não quis revelar sua posição publicamente antes das negociações com a Ucrânia, segundo a AFP.
Os presidentes da Rússia e da Ucrânia, envolvidos na guerra, não participam do encontro, que não tem hora para acabar.
"O presidente [Putin] está no Kremlin, ocupado com a economia", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, durante o encontro diário com a imprensa.
"As sanções são duras, são um problema [...] mas a Rússia tem todo o potencial necessário para compensar os danos", completou.
Hoje, a invasão russa à Ucrânia entrou no quinto dia. A capital, Kiev, e a segunda maior cidade ucraniana, Kharkiv, amanheceram com explosões, segundo relatório do serviço estatal de informação da Ucrânia.
As Forças Armadas ucranianas, porém, dizem que o Exército russo parece ter diminuído o ritmo da ofensiva hoje, quando são aguardadas negociações entre as duas nações.
Sobre as posições da Rússia perante as negociações com a Ucrânia, o porta-voz do Kremlin se negou a anunciá-las e disse que as "negociações devem acontecer em silêncio".
"Vamos deixar que os negociadores se estabeleçam", afirmou.
As delegações russa e ucraniana estão na região de Gomel, em Belarus, perto da fronteira com a Ucrânia, nas primeiras negociações desde o início da ofensiva determinada por Vladimir Putin na última quinta-feira (24).
O governo da Ucrânia pretende exigir um cessar-fogo "imediato" e a retirada das tropas russas, anunciou hoje o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
Desde o início da guerra e das possibilidades de diálogo, houve troca de acusações.
O negociador russo e conselheiro do Kremlin, Vladimir Medinski, disse que o governo de Putin havia "se proposto a chegar a um acordo, mas tem que ser do interesse das duas partes". Também disse que a "cada hora que o conflito se prolonga, cidadãos e soldados ucranianos morrem", embora isso seja válido, na prática, para ambos os países.
Putin afirmou no início da invasão que pretendia "desmilitarizar" e "desnazificar" a Ucrânia, ao mesmo tempo que acusou o governo rival de ter orquestrado um suposto "genocídio" da população de língua russa.
Com a tensão na região, a Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) também terá uma reunião de emergência hoje. O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse que as próximas 24 horas serão "cruciais" para o país. Nesta segunda, Zelensky divulgou uma mensagem direcionada aos soldados russos falando para que deixem a Ucrânia.
"Abandonem seu equipamento, saiam daqui. Não acreditem em seus comandantes, não acreditem em seus propagandistas. Apenas salvem suas vidas", afirmou em russo. Zelensky também pede que a UE (União Europeia) "admita urgentemente" a entrada da Ucrânia no bloco.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), ao menos 102 civis foram mortos no conflito, que também já deixou 422 mil refugiados.
*Com informações da AFP