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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Villa: Putin achou que guerra seria 'passeio militar'; se frustrou

Colaboração para o UOL*

03/03/2022 11h43Atualizada em 03/03/2022 12h07

Na avaliação do historiador Marco Antonio Villa, colunista do UOL, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se frustrou ao achar que a invasão da Ucrânia seria um "passeio militar". Os russos têm sofrido reveses da comunidade internacional e resistência dos ucranianos.

"Ele imaginou que seria um passeio militar, não está sendo. Imaginou que seria recebido como libertador pelos ucranianos, mas não é o que está acontecendo. Nesse sentido, há um isolamento da Rússia no contexto internacional", afirmou, durante UOL Debate hoje.

Com o apoio do Brasil, a Assembleia-Geral da ONU aprovou ontem uma resolução deplorando os ataques russos contra a Ucrânia, pedindo a retirada imediata das tropas e apelando para que negociações sejam estabelecidas.

O texto, proposto por quase cem países, foi aprovado com 141 votos, 5 contra e 35 abstenções. Trata-se de uma manobra com o objetivo de isolar a Rússia, diplomaticamente, numa ofensiva maior para transformar Vladimir Putin em pária. Apenas Belarus, Eritreia, Coreia do Norte, Rússia e Síria votaram contra. Mesmo tradicionais adversários dos EUA, como Cuba e China, se abstiveram.

Para Villa, a guerra entre Rússia e Ucrânia é a maior crise global do século 21. "Estamos vivendo uma nova etapa da história do mundo. O Putin só vai aceitar o cessar-fogo e um acordo depois de ter destruído a infraestrutura ucraniana e afastado a entrada da Ucrânia na Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]."

População russa também sofre com a guerra, diz professora

A professora de relações internacionais Bárbara Motta ressaltou, durante o UOL Debate, que a população russa também sofre com a guerra, já que sanções estão sendo impostas ao país pela comunidade internacional.

"Por mais que a Rússia seja a parte agressora nesse momento, a população russa também vai sofrer com as sanções econômicas. Vamos ver o aumento da miséria, fome, pela dificuldade de acesso aos alimentos, insumos básicos", avalia.

O rublo - moeda russa - perdeu cerca de um terço de seu valor em apenas alguns dias, e há relatos de filas em frente a caixas eletrônicos e problemas para se pagar com cartões ou sistemas de pagamento, como Google Pay ou Apple Pay. Eletrodomésticos, mas também roupas e sapatos ocidentais correm o risco de se tornar bens escassos, assim como eram nos tempos soviéticos. Alguns especialistas já estão prevendo uma contração econômica de dois dígitos neste ano se a situação atual continuar.

Ex-embaixatriz da Ucrânia cobra ajuda internacional

A embaixatriz da Ucrânia no Brasil, Fabiana Tronenko cobrou uma ajuda mais efetiva da comunidade internacional aos ucranianos.

"Acho decepcionante, porque a Ucrânia ficou abandonada. Isso ficou claro quando a Rússia anexou a Crimeia em 2014, assim como aconteceu com a Geórgia em 2008. O mundo se calou", protesta.

Porém, a professora de relações internacionais avalia que ações mais efetivas de outros países, como apoio militar, inclusive da Otan, poderia intensificar a guerra e prejudicar a própria população ucraniana.

"Por mais que as sanções econômicas e toda essa concentração diplomática leve tempo, um tempo diferente da guerra, me parece que essa é a postura mais cautelosa no momento. O envio de tropas da Otan poderia escalar o conflito a proporções muito maiores", diz.

Veja o UOL Debate na íntegra:

*Com informações da Deutsche Welle