Topo

Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


De OnlyFans a fuga escondida: o que sobrou do Pussy Riot na luta ante Putin

Integrantes do grupo russo de punk rock Pussy Riot fazem protesto na Praça Vermelha, em Moscou, em janeiro de 2012 - Denis Sinyakov/Reuters
Integrantes do grupo russo de punk rock Pussy Riot fazem protesto na Praça Vermelha, em Moscou, em janeiro de 2012 Imagem: Denis Sinyakov/Reuters

Colaboração para o UOL

27/09/2022 04h00

Pussy Riot é um grupo russo de punk rock que se tornou conhecido pelo engajamento político em prol dos direitos das mulheres. Há dez anos, a notoriedade mundial veio com um protesto contra o presidente Vladimir Putin no altar da Catedral de Moscou, principal templo ortodoxo russo, em fevereiro de 2012. Para provocá-lo, a temática sexual era utilizada.

O coletivo de artistas declarou seu apoio ao povo ucraniano na guerra contra o país comandado por Putin.

Quando a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro deste ano, a cofundadora do grupo Nadejda Andreevna Tolokonnikova anunciou a criação de uma DAO (sigla em inglês para organização autônoma descentralizada) para vender NFTs (token não fungível, em português) da bandeira ucraniana.

"Nosso objetivo é arrecadar fundos para doar a organizações civis ucranianas que ajudam aqueles que sofrem com a guerra iniciada por Putin contra a Ucrânia", publicou o perfil da Pussy Riot no Twitter.

Em cinco dias de vendas, o grupo conseguiu arrecadar US$ 7,1 milhões (R$ 36,6 milhões). O dinheiro arrecadado foi entregue à organização Come Back Alive, que mobiliza apoio ao exército ucraniano desde 2014, com assistência médica, munição, treinamento e análises de defesa.

1.dez.2016 - Nadya Tolokonnikova, da banda punk russa Pussy Riot, em Miami Beach (EUA) - Casey Kelbaugh/The New York Times - Casey Kelbaugh/The New York Times
Nadejda Tolokonnikova, da banda punk russa Pussy Riot, em Miami Beach (EUA)
Imagem: Casey Kelbaugh/The New York Times

Em dezembro de 2021, Nadejda foi declarada "agente estrangeira" pelo Kremlin, assim como o veículo de notícias independente que ela fundou após sua libertação da prisão, o Mediazone. Por questões de segurança, a ativista vive atualmente em um local geograficamente não revelado.

Fuga de Moscou

Maria Alyokhina, integrante do grupo, contou ao jornal The New York Times que teve que fugir da Rússia disfarçada de entregador de comida. Ela estava desaparecida e foi declarada como fugitiva em abril.

Em setembro de 2021, Alyokhina foi condenada a um ano de "restrições" à sua liberdade —entre elas, controle judicial, toque de recolher noturno e proibição de sair de Moscou— por ter convocado uma manifestação contra a prisão do líder da oposição russa Alexei Navalny.

Em abril, quando Putin reprimiu com mais força qualquer crítica à guerra na Ucrânia, as autoridades anunciaram que sua prisão domiciliar efetiva seria convertida em 21 dias em uma colônia penal. Foi então que ela decidiu que era hora de deixar a Rússia, pelo menos temporariamente, e se disfarçou de entregador de comida para fugir da polícia de Moscou que estava vigiando o apartamento do amigo, em que ela estava hospedada.

Maria Alyokhina é integrante do grupo russo Pussy Riot - Larissa Zaidan/UOL - Larissa Zaidan/UOL
Maria Alyokhina é integrante do grupo russo Pussy Riot
Imagem: Larissa Zaidan/UOL

A ativista contou que deixou seu celular para trás como isca e para evitar ser rastreada. Um amigo a levou de carro até a fronteira com a Bielorrússia, de onde ela levou uma semana para atravessar para a Lituânia. Alyokhina estava comprometida a permanecer na Rússia, mas agora se juntou às dezenas de milhares de russos que fugiram desde a invasão da Ucrânia.

Alyokhina disse ao Times que espera voltar à Rússia, mas, por enquanto, está na Islândia, onde organiza eventos pró-Ucrânia com a participação de artistas islandeses como Björk.

Sua companheira Lucy Shtein, também membro do Pussy Riot, publicou no Twitter uma foto de Maria Alyokhina com um uniforme verde da empresa Delivery Club e com uma bolsa de entrega de comida nas costas. Alyokhina "não fugiu da Rússia, ela saiu em turnê", tuitou Lucy.

Histórico Anti-Putin

O Pussy Riot foi formado em 2011, com o objetivo de misturar arte e política em vídeos e performances rápidas, na maioria das vezes, não autorizadas.

O grupo ficou conhecido internacionalmente em 2012 quando executou um hino de protesto anti-Putin, criticando o Kremlin e a Igreja Ortodoxa Russa, dentro da Catedral de Moscou. As mulheres, vestidas com máscaras balaclava que escondiam seus rostos, gritavam: "Mãe Maria, por favor, afaste Putin".

Os rostos de Nadejda Tolokonnikova e Maria Alyokhina são os mais conhecidos do grupo. Em 2012, elas foram condenadas a dois anos de prisão por "vandalismo motivado por ódio religioso". Elas foram soltas em 2014 e nunca deixaram de fazer protestos contra o governo russo.

Quando saíram da prisão, as ativistas agradeceram o governo russo pela "publicidade". "Estamos falando sobre nosso trabalho com o uso da mídia —como pegar uma única ideia e espalhá-la por todo o mundo. Isso é o que fizemos em cooperação com o Estado russo", comentou Tolokonnikova.

Contra Bolsonaro

Não é apenas Putin que é alvo da banda. Donald Trump e Jair Bolsonaro (PL) também motivaram protestos do grupo russo.

No caso do brasileiro, em 2020, elas mostraram a bandeira no movimento LGBTQIA+ e o rosto de Bolsonaro com lixo tóxico. O cartaz divulgava o Festival Verão Sem Censura.

OnlyFans

O grupo mantém perfil no site de conteúdo adulto. Nadejda é quem mais aparece em fotos e vídeos sensuais. Questionada sobre isso, ela explicou.

"Se você quer postar fotos nuas, poste. Seu corpo pertence a você", falou.