Cientistas revivem vírus 'zumbi' que estava congelado há 48 mil anos
Colaboração para o UOL, em São Paulo
09/03/2023 15h07
Um vírus "zumbi" que estava congelado há mais de 48 mil anos na Sibéria, na Rússia, foi revivido em laboratório por cientistas.
Jean-Michel Claverie, professor emérito de medicina e genômica na Escola de Medicina da Universidade de Aix-Marselha, na França, pesquisa o permafrost siberiano — uma camada de terra permanentemente congelada — para entender melhor os riscos representados pelos micro-organismos. O estudo não é prejudicial para os seres humanos.
As últimas cepas pesquisadas revelaram cinco novas famílias de vírus, além de duas outras que ele havia revivido anteriormente. O mais antigo deles tinha quase 48,5 mil anos de idade, com base na datação por radiocarbono do solo, e veio de uma amostra de terra retirada de um lago subterrâneo a 16 metros abaixo da superfície.
As amostras mais jovens tinham 27 mil anos e foram encontradas no estômago e na pele dos restos mortais de um mamute-lanoso.
"Vemos esses vírus que infectam amebas como exemplos de todos os outros possíveis vírus que podem estar no permafrost. São vestígios muitos outros vírus", disse Claverie à CNN.
O aumento das temperaturas do Ártico está descongelando a região. Com isso, os micro-organismos que estão adormecidos ali há dezenas de milhares de anos podem reviver naturalmente. Claverie teme que as pessoas considerem a pesquisa uma mera curiosidade científica e não percebam o perigo de vírus antigos voltarem à vida.
"Há muita coisa acontecendo com o permafrost que é preocupante. Isso realmente mostra que a importância de mantermos o máximo possível do permafrost congelado", disse Kimberley Miner, cientista climática do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, Califórnia.
O permafrost cobre parte do Hemisfério Norte e sustenta a tundra ártica e as florestas boreais do Alasca, Canadá e Rússia por milênios. Ele funciona como uma espécie de cápsula do tempo, preservando — além de vírus antigos — os restos mumificados de vários animais extintos.