Fernando Villavicencio: candidato morto era de esquerda ou direita?
Do UOL, em São Paulo
10/08/2023 13h10
Com o assassinato do candidato à presidente do Equador Fernando Villavicencio, 59, que foi morto ontem com três tiros na cabeça, apoiadores do presidente Lula (PT) e de Bolsonaro (PL) trocaram acusações sem considerar o histórico do presidenciável.
Afinal, Villavicencio era de esquerda ou direita?
Segundo o jornal espanhol El País, o político assassinado se considerava de "esquerda". Já a agência de notícias EFE adjetiva o início do candidato como da "esquerda moderada" e atualmente de centro, sem partido, apesar de crítico ao ex-presidente Rafael Corrêa, considerado de esquerda. O plano político do candidato assassinado é complexo.
Villavicencio era filiado ao "Movimiento Construye", um partido pluralista, considerado "pega-tudo" e, dessa forma, alinhado ao centro do espectro político, algumas vezes citado como centro-direita. Apesar de ser um ex-líder sindical e visto como expoente da "esquerda moderada" no Equador, o político se mostrava crítico tanto ao ex-presidente quanto ao petista.
De acordo com a BBC, ele citou Bolsonaro em 11 tuítes desde 2018, enquanto Lula apareceu nove vezes em seu perfil na rede social X (antigo Twitter) desde 2019 — todas as menções foram em tom crítico.
Críticas dirigidas a Bolsonaro
Antes das eleições de 2018, que resultaram na eleição de Bolsonaro, Villavicencio respondeu a um tweet de um professor equatoriano que expressou seu apoio a Fernando Haddad (PT). Naquela ocasião, ainda de acordo com a BBC, ele afirmou que não compartilhava das visões do então candidato.
Bolsonaro é fruto da traição do PT, do episódio de corrupção mais significativo da história. Pela amor de Deus... Não tenho afinidade alguma com Bolsonaro
Meses mais tarde, o candidato compartilhou um artigo que abordava as investigações envolvendo Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, e Fabrício Queiroz, seu assessor e ex-motorista.
Lula e a Operação Lava Jato
Logo após a confirmação da vitória de Lula nas eleições de 2022, Villavicencio escreveu: "O retorno dos ladrões da Lava Jato". Nos últimos anos, ele postou vários tweets elogiosos em relação à operação.
Anteriormente, ele argumentou que o político petista e a empresa Odebrecht se beneficiavam da falta de cooperação entre executivos da companhia e autoridades peruanas, conforme reportado também pela BBC.
Em outras mensagens públicas, o candidato pressionou as autoridades para obter acesso ao conteúdo da suposta reunião entre Rafael Correa, Lula e Marcelo Odebrecht em 2006.