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Crianças são mais da metade do grupo em Gaza à espera para voltar ao Brasil

Homem e criança feridos chegam ao hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza Imagem: Dawood NEMER / 29.out.2023-AFP

Do UOL, em São Paulo

04/11/2023 10h49Atualizada em 04/11/2023 14h22

A maior parte do grupo de pessoas que espera para deixar a Faixa de Gaza após a intensificação dos bombardeios israelenses é composta por crianças e mulheres. No total são 34 pessoas que aguardam autorização para serem repatriadas ao Brasil — nenhum brasileiro deixou a região ainda pela fronteira com o Egito, aberta no fia 1º.

O que aconteceu

O grupo é composto por 24 brasileiros, 7 palestinos com RNM (Registro Nacional Migratório) e 3 palestinos. Segundo o embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, são 18 crianças, 10 mulheres e seis homens.

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O grupo aguarda a liberação dividido em duas cidades de Gaza, são 18 pessoas na região de fronteira, em Rafah, e 16 em Khan Younes. Em Rafah, são nove crianças, cinco mulheres e quatro homens. Em Khan Younes, também são 9 crianças, 5 mulheres e 2 homens.

Os brasileiros não estão incluídos na quarta lista de pessoas com dupla nacionalidade autorizadas a deixar hoje a Faixa de Gaza. O grupo liberado neste sábado tem 386 pessoas dos Estados Unidos, 112 do Reino Unidos, 51 da França e 50 da Alemanha.

'Alvos prioritários'

O presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil, Ualid Rabah, afirma que uma parte do grupo que aguarda a repatriação é composto por pessoas jovens. "São pessoas casadas há pouco tempo que tiveram filhos há pouco tempo", diz ele.

Rabah diz ainda que a taxa de natalidade da Palestina é mais elevada do que a do Brasil — o que, segundo ele, também explicaria o número de crianças majoritário no grupo.

O terceiro motivo apontado por Rabah é que mulheres e crianças seriam alvos prioritários em ataques. "Quando se mata em escala industrial, crianças e mulheres são alvos preferenciais porque, com isso, se promove uma esterilização social. As pessoas estão apavoradas", diz ele.

Rabah afirma que há uma preocupação sobre como esse grupo de pessoas que espera a repatriação deve chegar ao Brasil. "Essass pessoas voltaram para lá porque a situação se degradou no Brasil nos últimos anos. Foram para lá porque tinham uma família para acolher, tudo isso foi destruído e agora voltam para cá sem nada."

Esperar em Rafah ou em Khan Younes não faz diferença, segundo Rabah. "Em tese, estar Rafah significa estar mais perto da passagem, mas Rafah já foi atacada duas vezes. Então, não há grande diferença entre estar em uma ou outra cidade", diz ele.

'Hamas atrasa saída de estrangeiros'

Em relação à repatriação de brasileiros em Gaza, a Embaixada de Israel no Brasil afirma que o país "está fazendo absolutamente tudo que pode e que está ao seu alcance para que todos os estrangeiros deixem a Faixa de Gaza o mais rapidamente possível."

O Hamas está atrasando a saída de estrangeiros da Faixa de Gaza e os utiliza de maneira desumana para se apresentarem como vítimas.
Embaixada de Israel no Brasil

'Filme de terror'

O comerciante Hasan Rabee, 30, disse que espera "todos os dias" pelo momento em que ele, a mulher e as duas filhas deixarão a Faixa de Gaza. Ele faz parte do grupo de pessoas que se inscreveram para ser repatriadas ao Brasil.

Rabee disse que a espera para voltar a São Paulo, cidade em que vivia com a família, "parece um filme de terror". "A gente está louco, acordamos todos os dias com a expectativa de sair daqui. Estou louco para voltar para casa."

O brasileiro disse que ele e a família não dormem à espera da divulgação das listas com as nacionalidades autorizadas a deixarem Gaza. "A gente nem dorme porque as listas são publicadas por volta das 1h ou 2h".

A espera provoca angústia em toda a família, segundo Rabee. "Cada dia que passa é um sofrimento. Estamos prontos faz 20 dias. só temos uma roupa para trocar, os armários estão vazios. Se me falam para ir para a fronteira já estou pronto."

Vimos pela janela bastante gente ferida, as janelas ficaram todas quebradas. Em outro momento, uma casa vizinha foi atacada. Parecia uma chuva de pedaços de concreto vindo em nossa direção. Nos últimos dias, piorou bastante.
Hasan Rabee, comerciante em Gaza

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