Al-Shifa: O que se sabe sobre o maior hospital de Gaza invadido por Israel
Do UOL*, em São Paulo
15/11/2023 03h59Atualizada em 15/11/2023 10h05
O Hospital Al-Shifa, invadido pelas tropas terrestres do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, é o maior da Faixa de Gaza.
O Hamas, as autoridades de saúde e os diretores do próprio Al-Shifa negaram que o grupo armado extremista esconda infraestruturas militares dentro ou sob o complexo médico. Eles também dizem aceitar com satisfação uma inspeção internacional.
O que se sabe sobre o Al-Shifa
Israel e Estados Unidos afirmam que o Hamas utiliza hospitais do enclave para esconder postos de comando e reféns através de túneis subterrâneos. O Hamas, as autoridades de saúde e os diretores do próprio Al-Shifa negaram que o grupo armado extremista esconda infraestruturas militares dentro ou sob o complexo médico.
Al-Shifa é um amplo complexo de edifícios e pátios. Ele fica a algumas centenas de metros do pequeno porto de pesca da cidade de Gaza, espremido entre o campo de refugiados de Beach e o bairro Rimal.
O nome do hospital vem da palavra árabe "cura". É comum o uso do termo em hospitais do Oriente Médio.
O hospital cuidava de 36 bebês até terça-feira (14), de acordo com a equipe médica do local.
Três dos 39 bebês prematuros originais já morreram desde que o maior hospital de Gaza ficou sem combustível, no fim de semana, para alimentar os geradores que mantinham as suas incubadoras em funcionamento.
Quando o complexo foi construído?
Foi construído em 1946 durante o domínio britânico, dois anos antes de a Grã-Bretanha se retirar da Palestina. Sobreviveu à invasão do Egito em 1948 e a duas décadas de regime militar egípcio. Em 1967, após incursão de Israel à Faixa de Gaza, Al-Shifa continuou a ser um ponto focal - muito antes do Hamas - para onde muitos palestinianos foram levados durante confrontos com tropas israelenses.
Durante a década de 1980, o complexo hospitalar foi reformado e redesenhado por arquitetos israelenses. Zvi Elhyani, fundador do Arquivo de Arquitetura de Israel, escreveu no Ynet em 9 de novembro: "Com a ajuda americana, Israel embarcou em um projeto para reformar e ampliar o complexo hospitalar. Este empreendimento também envolveu a instalação de um piso subterrâneo".
No ano de 1994, Yasser Arafat, líder da Organização para a Libertação da Palestina, saudou a bandeira palestina quando esta foi hasteada sobre o hospital.
Durante a luta pelo poder entre o Fatah e o Hamas que antecedeu essa tomada de poder, os combatentes de ambos os lados foram tratados em Al-Shifa e outros hospitais, sob uma forma de trégua que nenhum deles prejudicaria os feridos do outro lado.
Israel já alegou anteriormente que o Hamas usou áreas subterrâneas de vários hospitais para se esconder. O mesmo foi dito durante a guerra de 2008-2009.
*Com Reuters.