Esse conteúdo é antigo

Forças israelenses realizam operação no maior hospital de Gaza

As Forças de Defesa de Israel anunciaram que tropas terrestres invadiram o lado oeste do Hospital Al-Shifa, maior unidade de saúde de Gaza, onde o Hamas é acusado de manter túneis e um centro de comando.

"Apelamos a todos os terroristas do Hamas presentes no hospital que se rendam", diz o comunicado. Menos de uma hora antes, um porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza disse ter recebido um aviso do Exército israelense sobre sua intenção de realizar a incursão no complexo médico "nos próximos minutos".

O que aconteceu:

Em comunicado, as Forças de Defesa de Israel disseram que, com base em informações de seu serviço de inteligência, deram início à operação "em uma área específica e direcionada do Hospital Al-Shifa contra o Hamas".

A operação das Forças de Defesa do Exército israelense inclui equipes médicas e falantes de árabe, que passaram por treinamento específico para se preparar para esse ambiente complexo e sensível, com a intenção de que nenhum dano seja causado aos civis.
Forças de Defesa de Israel, em nota

Youssef Abul Reesh, funcionário do Ministério da Saúde, que está dentro do hospital, diz ter visto tanques israelenses dentro do complexo e "dezenas de soldados dentro da emergência".

O contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz do Exército israelense, alegou que "ao longo das últimas semanas, indicamos várias vezes que o uso contínuo do hospital Al-Shifa para fins militares pelo Hamas levaria ao fim de sua proteção sob o direito internacional".

Para o tenente-coronel Peter Lerner, outro porta-voz de Israel, o hospital é para o Hamas "um centro de comando de suas operações, talvez até mesmo o coração pulsante" do grupo armado, a declaração foi veiculada pela CNN Internacional.

Continua após a publicidade

"Há grandes explosões e poeira entrou nas áreas onde estamos. Acreditamos que ocorreu uma explosão dentro do hospital", disse o médico Munir al-Bursh, diretor-geral do Ministério da Saúde de Gaza, à televisão Al Jazeera que as forças israelenses haviam invadido o complexo médico.

Milhares de pessoas, entre pacientes, profissionais de saúde e civis deslocados pela guerra, estão amontoadas neste complexo que, segundo o Hamas, está cercado "por todos os lados" pelas tropas israelenses e está no meio de "tiros intensos".

"A operação foi precedida por um esforço para evacuar o hospital dos pacientes e daqueles que se refugiavam, e até foi aberto um corredor especial", acrescenta Israel.

Segundo o governo dos Estados Unidos, o Hamas e a Jihad Islâmica "operam um núcleo de comando e controle de Al Shifa". De acordo com o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, os dois grupos islamitas "usam alguns hospitais na Faixa de Gaza, incluindo o Al Shifa, como uma maneira de esconder e apoiar suas operações militares e manter os reféns. Eles têm túneis debaixo desses hospitais".

"Temos informação que confirma que o Hamas está usando esse hospital específico como um núcleo de controle e comando e provavelmente para armazenar equipamentos, armas. Isso é um crime de guerra", afirmou Kirby, horas antes de Israel anunciar a operação.

Kirby, entretanto, reiterou oposição aos ataques. "Não apoiamos ataques aéreos a um hospital. Não queremos ver tiroteio em hospital onde pessoas inocentes, pessoas indefesas, pessoas doentes estão para não serem apanhadas no fogo cruzado. Hospitais e pacientes devem ser protegidos"

Continua após a publicidade

O Hamas negou as acusações dos Estados Unidos e disse que isto incitará Israel a "cometer mais massacres". "Essas declarações dão luz verde à ocupação israelense para que cometa mais massacres brutais contra hospitais, com o objetivo de destruir o sistema de saúde de Gaza e deslocar os palestinos", assinalou o movimento islamista em comunicado.

A pressão aumenta sobre Israel em relação ao cerco militar ao redor do Al-Shifa, onde os médicos afirmam que pacientes e civis estão presos em condições terríveis.

O Escritório da ONU para Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) estima que há pelo menos 2.300 pessoas bloqueadas, enquanto os recursos se esgotam.

Mohamad Abu Salmiya, diretor do Al-Shifa, informou, nesta terça-feira, que tiveram que enterrar dezenas de mortos em uma vala comum.

*Com informações da Reuters e AFP

Deixe seu comentário

Só para assinantes