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Sigilosa e poderosa: como célula secreta ajudou em pacto por reféns de Gaza

Soldados atravessam o que o exército israelense diz ser um túnel cavado pelo Hamas dentro do complexo hospitalar Al-Shifa em Gaza Imagem: Ahikam SERI / AFP

Colaboração para o UOL

23/11/2023 11h45

As negociações que levaram o governo de Israel ao acordo de cessar-fogo com o Hamas para a libertação de reféns sequestrados pelo grupo extremista em 7 de outubro passaram pela criação de uma "célula secreta" com integrantes do alto escalão dos governos dos EUA e de Israel.

O que é a 'célula secreta' e como ela agiu

Mediação do Qatar e criação de 'célula secreta'. O primeiro sinal de que o Hamas estava interessado em um possível acordo para a libertação de reféns surgiu apenas alguns dias depois do ataque de 7 de outubro. Segundo o The Guardian, o governo do Qatar abordou a Casa Branca para informar sobre o interesse do grupo extremista nas negociações, e sugeriu a criação de uma célula dedicada ao assunto envolvendo representantes dos EUA, de Israel e do próprio Qatar.

Papel de enviado dos EUA ao Oriente Médio. De acordo com funcionários norte-americanos, Jake Sullivan, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, confiou em seu enviado para o Oriente Médio, Brett McGurk, e Josh Geltzer, vice-conselheiro da Casa Branca, para criar a célula —que foi mantida em segredo até mesmo para outras agências importantes dos EUA.

Alto escalão envolvido. Além desses três nomes, também faziam parte do grupo Antony Blinken, secretário de Estado; Bill Burns, diretor da CIA; Jon Finer, vice-conselheiro de segurança nacional; entre outros. Segundo o jornal O Globo, autoridades da Casa Branca envolvidas no plano revelaram —sob condição de anonimato— detalhes sobre as negociações.

Contato "de hora em hora". O jornal britânico The Independent afirmou que, a partir da criação da célula, o contato de McGurk e Geltzer com autoridades do Qatar e de Israel foi o início do que a Casa Branca agora diz serem compromissos "diários, às vezes de hora em hora" com funcionários de ambos os países para debater sobre assuntos relacionados aos reféns.

Fumaça após um ataque israelense no norte de Gaza em 22 de novembro de 2023 Imagem: John MACDOUGALL / AFP

O Qatar e Israel exigiram extrema discrição e sensibilidade nesta questão, mas a célula --ao longo do tempo-- estabeleceu processos que provaram ser eficazes.
Funcionário do governo dos EUA

Processo longo e complicado. A comunicação era difícil e as mensagens tinham de ser transmitidas de Doha ou do Cairo para Gaza e vice-versa, disseram as autoridades.

Biden sabia de tudo o que se passava na "célula secreta". Um alto funcionário do governo dos EUA disse que o próprio presidente, Joe Biden, se envolveu nas tratativas do grupo secreto, e era informado diariamente sobre o processo.

Primeiras libertações e novos integrantes do grupo. Em 23 de outubro, o Hamas libertou duas reféns. Um funcionário dos EUA descreveu o episódio como "uma espécie de processo piloto" que foi conduzido pelo grupo secreto. Depois disso, a célula aumentou e passou a incluir David Barnea, o diretor da Mossad, e o seu homólogo norte-americano, o diretor da Agência Central de Inteligência, William Burns.

50 reféns por 150 presos palestinos. Após dias de negociações, o esforço conjunto dos países envolvidos mostrou resultados com o anúncio do acordo de troca de prisioneiros. O texto final foi elaborado em Doha, em 18 de novembro, entre McGurk e o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed Bin Abdulrahman al-Thani, que transmitiu o texto ao Hamas.

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