Argentina: Mães de Maio declaram 'alerta' e promovem 1º ato contra Milei
Amanda Cotrim
Colaboração para o UOL, em Buenos Aires
23/11/2023 17h06Atualizada em 24/11/2023 04h34
O movimento de Mães e Avós da Praça de Maio realizou hoje, em Buenos Aires (Argentina), o primeiro protesto após as eleições presidenciais. Javier Milei, do partido Liberdade Avança), e a vice Victoria Villarruel, foram eleitos no domingo (19), com mais de 55% dos votos.
O que aconteceu
Centenas de pessoas se uniram ao grupo na região central da capital argentina e participaram de uma passeata. Há 46 anos, as fundadoras do Mães e Avós da Praça de Maio, que tiveram seus filhos e netos vítimas da ditadura civil-militar (1976-1983) se encontram todas as quintas, às 15h30, para lutar por memória, verdade e justiça.
Outras organizações sociais também participaram do ato. "Fomos derrotados por um projeto político colonial", "Vamos começar a construir a resistência" e "Não podemos esperar. Não podemos ver se Milei vai bem" foram algumas das frases repetidas pelos manifestantes.
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Não esperamos nada de Javier Milei e desse governo.
Grito de manifestantes
Nas redes sociais, o grupo Mães e Avós de Maio se declarou "em estado de alerta e mobilização". "Diante do triunfo de um setor político abertamente negacionista, convidamos a acompanhar hoje às 15h30 a ronda das Mães da Praça de Maio", dizia mensagem divulgada no dia anterior.
Uma das fundadoras, Nora Cortiñas, disse que o grupo avalia pedir uma reunião com Milei. "Nós não vamos abaixar os braços. Vamos levantar sempre às bandeiras de luta de nossos 30 mil desaparecidos e desaparecidas, vamos seguir exigindo justiça, verdade e memória, como sempre fizemos", declarou em entrevista à TV. O movimento costuma se reunir com os eleitos.
Argentinos e brasileiros sempre tivemos problemas. Mas, como o povo brasileiro e todos os povos, vamos resistir.
Josefa Pina de Flores, ao UOL durante a manifestação
O presidente eleito já minimizou os crimes do Estado argentino durante o governo militar e chegou a dizer que na ditadura se "cometeram excessos". Diversas organizações que integram o Encontro Memória, Verdade e Justiça convocaram seus integrantes a acompanharem a marcha desta quinta.
Victoria Villarreal, que é parente de militares, em diversas oportunidades relativizou os crimes cometidos pelo Estado. Disse que os "de esquerda iam correr como em 1976", além de ter liderado um movimento em homenagem "às vítimas de terrorismo", referindo-se, em suas palavras, " às organizações de esquerda que vitimaram 2 mil pessoas".