Israel retoma ataques a Gaza após violação de trégua; 32 palestinos morrem
Do UOL, em São Paulo
01/12/2023 04h39Atualizada em 01/12/2023 11h26
No dia em que a guerra chega ao 56º dia, Israel volta as operações de combate contra o Hamas em Gaza depois de acusar o grupo palestino extremista de disparar foguetes, de não seguir o acordo para libertar todas as mulheres mantidas como reféns e violar a trégua temporária.
o que aconteceu
Uma hora antes do fim do cessar-fogo, às 07h00, no horário local, Israel disse ter interceptado um foguete disparado de Gaza. Não houve comentários do Hamas ou reivindicação de responsabilidade pelo lançamento.
O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza disse que até o momento 32 palestinos foram mortos em ataques israelenses. As Forças de Defesa de Israel, por sua vez, disseram ter atacado 200 alvos terroristas. "As FDI atacaram áreas armadilhadas com explosivos, poços de túneis terroristas, postos de lançamento e centros de comando operacional designados pelo Hamas para uso nos novos combates", diz a nota do fim da manhã desta sexta-feira (1º).
"Com o reinício dos combates, enfatizamos: o governo israelense está empenhado em alcançar os objetivos da guerra - libertar os nossos reféns, eliminar o Hamas e garantir que Gaza nunca representará uma ameaça para os residentes de Israel", disse o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em um comunicado.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que o Domo de Ferro não foi usado para interceptar os projéteis, pois eles se dirigiam para áreas desabitadas próxima da comunidade de Holit, no sul israelense, de acordo com o The Times Of Israel.
A pausa de sete dias, que começou na sexta-feira 24 de novembro, e foi prorrogada duas vezes, permitiu a troca de dezenas de reféns detidos em Gaza por centenas de prisioneiros palestinos e facilitou a entrada de ajuda humanitária na faixa costeira devastada.
"O que Israel não conseguiu durante os cinquenta dias antes da trégua, não conseguirá continuando a sua agressão após a trégua", disse Ezzat El Rashq, membro do gabinete político do Hamas, no site do grupo.
Ataques aéreos
A mídia palestina e o Ministério do Interior de Gaza relataram ataques aéreos e de artilharia israelenses em todo o enclave após o término da trégua, inclusive em Rafah, perto da fronteira com o Egito.
Em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, uma pessoa disse à Reuters que podia ouvir fortes bombardeios e ver fumaça subindo no leste da cidade. As pessoas estavam fugindo da área para campos no oeste de Khan Younis em busca de cobertura, acrescentou.
A rede de TV Al-Jazeera informou que várias pessoas foram mortas e feridas em ataques e bombardeios israelenses na Faixa de Gaza. Os militares de Israel confirmaram que os seus aviões militares atingiram alvos do Hamas em Gaza.
Os ataques aéreos israelenses atingiram o sul de Gaza, incluindo a comunidade de Abassan, a leste da cidade de Khan Younis, dizem autoridades do Hamas. Outro ataque atingiu uma casa a noroeste da Cidade de Gaza.
Imagens nas redes sociais mostraram grandes nuvens de fumaça escura subindo sobre o campo de refugiados de Jabalia, em Gaza.
Israel jurou aniquilar o Hamas, que governa Gaza, em resposta ao ataque cometidos pelo grupo militante em 7 de Outubro, quando Israel afirma que homens armados mataram 1.200 pessoas e fizeram 240 reféns.
Israel retaliou com bombardeios intensos e uma invasão terrestre. As autoridades de saúde palestinas consideradas confiáveis pelas Nações Unidas dizem que mais de 15.000 habitantes de Gaza foram mortos.
O Qatar e o Egito junto dos EUA têm feito esforços intensos para prolongar a trégua. Israel já tinha estabelecido a libertação de 10 reféns por dia como o mínimo que aceitaria para interromper o seu ataque terrestre e bombardeios.
Ontem, o Hamas libertou oito reféns israelenses sob um acordo de trégua, e Israel soltou 30 prisioneiros palestinos. Durante o cessar-fogo foram libertados 105 reféns que estavam em poder do grupo extremista e 240 presos palestinos.
"Guerra contra crianças"
James Elder, porta-voz do Unicef, ressaltou que esta é "uma guerra contra as crianças". Ele publicou um vídeo nas redes sociais gravado em um hospital na Faixa de Gaza.
"Já podemos ouvir bombardeios e um ataque atingiu uma área a cerca de 50 metros daqui", disse.
Este hospital simplesmente não pode aceitar mais crianças feridas. Tinha crianças dormindo, que acordaram quando uma bomba caiu a 50 metros daqui. Aqueles que podem, mas não fazem nada, estão autorizando a morte de crianças
James Elder, porta-voz do Unicef
Com Reuters e RFI