Poder desigual: Guiana sequer tem exército diante da potência venezuelana
Colaboração para o UOL
05/12/2023 11h14
A disputa territorial entre Venezuela e Guiana contrasta dois países completamente opostos do ponto de vista militar. Caso o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, decida invadir a região de Essequibo, seria necessário o uso de força — e o país pode ser considerado uma potência regional se comparado ao vizinho.
Compare o poder militar dos dois países:
Venezuela
Mais de 100 mil militares. As Forças Armadas da Venezuela têm, segundo dados do IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres), 123 mil militares à disposição para combate, além de um efetivo de milicianos estimado em 220 mil.
Apoio da Rússia e da China. Desde 1998, quando Hugo Chávez assumiu o poder, o país passou a receber equipamentos militares russos e chineses. Entre eles, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo, estão: caças avançados, sistema antiaéreo, tanques, blindados, obuseiros, rifles de assalto, radares, aviões de treinamento, entre outros itens.
Investimento alto. Ainda segundo o IISS, entre 2011 e 2015, a Venezuela ficou em 18º lugar no mundo em gastos com equipamento militar.
Equipamentos obsoletos e possível falta de combustível. Porém, o instituto de Londres relata também que as forças armadas venezuelanas enfrentam "um colapso total em termos de suas capacidades operacionais, com baixos níveis de formação, equipamento obsoleto e falta de combustível, apesar dos vastos recursos petrolíferos do país."
Guiana
Diferentemente da Venezuela, a Guiana não tem Forças Armadas de fato, mas sim uma Força de Defesa que mais se parece com um dispositivo policial.
Poucos militares e poucos equipamentos. Também conforme divulgado pelo IISS, o país conta com 3.400 homens e alguns poucos equipamentos, como seis blindados de reconhecimento EE-9 Cascavel.
No entanto, a esperança da Guiana em caso de invasão venezuelana seria o recebimento de apoio internacional —especificamente dos EUA. Isso porque a gigante petroleira norte-americana ExxonMobil é responsável pela exploração das reservas de petróleo descobertas no território de Essequibo em 2015.
Disputa por região rica em petróleo
A tensão entre Venezuela e Guiana é pela região de Essequibo, disputada pelos dois países desde 1899. Em seus argumentos, a Guiana pede a preservação de sua integridade territorial e dos acordos de fronteiras já existentes, enquanto a Venezuela é a favor da anexação da região em disputa.
Área em questão tem 160 mil km², o equivalente a 70% da Guiana, e é administrada pelo presidente do país, Irfaan Ali. O local é uma região de mata densa onde foram descobertas reservas de petróleo em 2015. Desde então, é o país da América do Sul que mais cresceu.
Apoio da população venezuelana. Em referendo, os venezuelanos aprovaram com 96% dos votos, neste domingo (3), as cinco questões elaboradas pelo governo garantindo apoio a Nicolás Maduro para a anexação à Venezuela da região.
Riqueza em recursos naturais. Hoje, a Guiana tem uma reserva estimada em 11 bilhões de barris, o que equivale a cerca da 75% da reserva brasileira de petróleo e supera as reservas do Kuwait e dos Emirados Árabes Unidos. Isso está trazendo muito dinheiro ao país e acelerando o seu crescimento, e chamou a atenção de Maduro —que afirma que a zona marítima em frente ao Essequibo é, na verdade, da Venezuela.