Protesto na Argentina contra medidas de Milei termina com presos e feridos
Amanda Cotrim
Colaboração para o UOL, de Buenos Aires
22/12/2023 01h12Atualizada em 22/12/2023 10h32
A Argentina viveu sua segunda noite de protestos contra o megadecreto anunciado pelo presidente Javier Milei na quarta-feira (20).
O que acontece
Na cidade de Córdoba, a segunda maior do país, um protesto terminou em violência. Um homem que participava do ato ficou ferido. Pelo menos três pessoas foram detidas, de acordo com a imprensa local.
Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, manifestantes foram reprimidos pela polícia com balas de borracha e gás de pimenta.
A manifestação reuniu 4.000 pessoas e foi convocada pelas redes sociais com o nome "Milei é fome". O protesto aconteceu nas imediações do Patio Olmos, região central de Córdoba.
De acordo com testemunhas, o panelaço era pacífico até que a confusão começou quando a polícia tentou retirar os manifestantes das ruas. O objetivo era evitar o bloqueio da avenida General Paz. Na semana passada, o recém-eleito governo argentino criou um protocolo antipiquete que tem como objetivo restringir e reprimir manifestantes que bloqueiam vias públicas no país.
Com gritos de "A pátria não se vende" e "Milei, lixo, você é a ditadura", Buenos Aires também viveu sua segunda noite de mobilização nas ruas. Centenas de pessoas se reuniram no Congresso Nacional e em outros pontos da cidade, como os bairros de classe média de Nunes e Belgrano, para um panelaço contra o megadecreto do governo.
O movimento social Inquilinos Agrupados, uma das mais importantes organizações de moradia da Argentina, também realizou protestos em diversas cidades do país. Os atos foram em respostas à revogação da lei de aluguel, uma das medidas do megadecreto.
Na capital da Argentina, até o fechamento deste texto não houve registro de conflito, prisões ou feridos.
Decreto de Milei deve entrar em vigor em 8 dias, mas pode ser derrubado
O megadecreto, chamado Decreto Nacional de Urgência e anunciado na quarta-feira (20), deve entrar em vigor em oito dias, mas ainda pode ser derrubado pelo Legislativo. O texto foi publicado ontem no Diário Oficial, em meio a manifestações contra e a favor das medidas.
O governo tem prazo de dez dias para enviar o pacote de mudanças a uma Comissão Permanente de Procedimentos Legislativos do Congresso.
O grupo conta com oito deputados e oito senadores que devem emitir um parecer sobre o conteúdo e a forma do decreto, que só depois será analisado em plenário pelo Senado e pela Câmara dos Deputados. O decreto só seria derrubado se as duas Casas rejeitarem o documento.
O partido do presidente, Liberdade Avança, tem minoria no Legislativo e pode ter dificuldades na negociação de votações de projetos políticos. Durante a campanha, o presidente da Argentina prometeu reformas profundas que precisam de aprovação do Congresso.
Milei afirmou, em entrevista a uma rádio hoje (21), que haverá mais medidas econômicas e decretos. "Eu aviso que vem mais [medidas]". O presidente também disse que entende que algumas medidas são antipáticas, "mas necessárias".
Pode ser que as pessoas sofram de síndrome de Estocolmo. Estão abraçadas e apaixonadas pelo modelo que empobrece, mas não são a maioria dos argentinos.
Javier Milei, presidente da Argentina