Opositor e contra carne de cães: quem é o político esfaqueado na Coreia
Do UOL*, em São Paulo
02/01/2024 09h45Atualizada em 02/01/2024 12h19
Lee Jae-myung, 59, líder do Partido Democrata da Coreia do Sul, foi esfaqueado no pescoço, na noite de segunda-feira (1º), por um homem de 60 anos.
O que aconteceu
Lee estava visitando um local onde ficará um novo aeroporto na cidade de Busan. Um homem, então, se aproximou pedindo um autógrafo e atingiu o político com uma faca no lado esquerdo do pescoço.
Ainda não se sabe a motivação do ataque. "Isso nunca deveria ter acontecido em qualquer circunstância", escreveu Kwon Chil-seung, chefe do Partido Democrata, sobre o ocorrido.
O político foi submetido à cirurgia em um hospital em Seul, e ainda não há detalhes públicos sobre a recuperação. O atacante foi preso no local.
Infância de trabalho e defensor dos direitos do trabalhador
Lee Jae-myung nasceu em uma família pobre em Andong e trabalhou em fábricas durante a infância. Ele foi alvo de dois acidentes, um que atingiu seu dedo e outro resultado de um golpe de máquina na articulação de seu pulso - que o impossibilitou de atuar na manufatura e o fez ser dispensado de se apresentar ao serviço militar obrigatório do país.
Formou-se em direito e tornou-se um advogado especializado em direitos humanos e direitos trabalhistas. Estrelato político veio com sua história de superação, de menino pobre a homem bem-sucedido.
Foi prefeito de Seognam entre 2010 e 2018. Ficou conhecido por implementar um sistema de bem-estar social na cidade e de proibir carne de cachorro e de fechar instalações de abate. Em 2018, foi eleito governador da província de Gyeonggi, que engloba parte de Seul, a capital da Coreia do Sul.
Lee foi candidato à presidência da Coreia do Sul em 2022, porém sua tentativa foi ofuscada por uma série de escândalos de corrupção. Por pouco, não derrotou o vencedor, o conservador Yoon Suk Yeol.
O político foi acusado de ter feito favores a investidores privados que lucraram em projetos de habitação em Seongnam, onde foi prefeito, e de pressionar um comerciante de enviar dinheiro para a Coreia do Norte em troca de uma visita do político, que nunca ocorreu. Lee nega todas as acusações.
Como protesto, chegou a fazer uma greve de fome de 24 dias em 2023, alegando estar sendo vítima de perseguição política. Ainda que não tenha sido preso — houve possibilidade de prisão preventiva durante o processo —, Justiça da Coreia do Sul ainda deve julgá-lo.
*Com informações da AP e AFP