Presidente da Guatemala toma posse após atraso de 9 h no Congresso
Do UOL, em São Paulo*
15/01/2024 08h15Atualizada em 15/01/2024 08h25
O social-democrata Bernardo Arévalo assumiu a Presidência da Guatemala após nove horas de atraso e denúncias de tentativa de golpe.
O que aconteceu
Arévalo e sua vice Karin Herrera foram empossados de madrugada. A cerimônia de posse, prevista para ocorrer às 16 horas, atrasou nove horas por disputas políticas no Congresso.
O Congresso decidiu revisar as credenciais dos 160 novos deputados, especialmente os 23 eleitos pelo partido de Arévalo. No domingo (14), uma decisão judicial determinou que os deputados do Semilla só poderiam assumir o cargo como independentes já que a legenda foi suspensa a pedido do MP em agosto.
Após horas de discussão, o Congresso liberou a posse dos deputados como independentes. A demora levou manifestantes à porta do Congresso, onde denunciaram uma suposta tentativa de golpe e ameaçaram invadir o local.
Autoridades estrangeiras redigiram uma declaração de apoio a Arévalo e à democracia na Guatemala em reunião de emergência. "O povo guatemalteco expressou sua vontade democrática em eleições justas, livres e transparentes, com o aval da comunidade internacional por meio de suas missões de observação eleitoral. Essa vontade deve ser respeitada", diz um trecho do documento, publicado pelo chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que representou o governo brasileiro na cerimônia, afirmou que "a democracia mostrou sua força na Guatemala, e o respeito pelo resultado sufragado nas urnas beneficia toda a nossa região". Também estavam presentes os presidentes Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia) e o rei da Espanha, Felipe 6º.
Arévalo derrotou nas urnas a ex-primeira-dama Sandra Torres, considerada favorita à época, com a promessa de combater a corrupção. Desde que foi eleito, Arévalo é alvo de manobras judiciais que tentam invalidar sua surpreendente vitória.
O novo presidente substitui o direitista Alejandro Giammattei, que foi vinculado ao chamado pacto de corruptos. Durante seu governo, dezenas de promotores, juízes e jornalistas tiveram de se exilar após denunciarem atos de corrupção.
Arévalo deve pedir esta semana a renúncia da procuradora-geral Consuelo Porras, líder da ofensiva judicial. Analistas não descartam, porém, que o Ministério Público continue a perseguição e insista em pedir ao Congresso que retire sua imunidade presidencial.
Os deputados têm a responsabilidade de respeitar a vontade popular expressa nas urnas. Tenta-se violar a democracia com ilegalidades, ninharias e abusos de poder. O povo guatemalteco e a comunidade internacional estão atentos.
Presidente Bernardo Arévalo
*Com informações de AFP