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Como um 'exército fantasma' conseguiu enganar Hitler e salvar milhares

Tanque de guerra inflável do Exército Fantasma na Segunda Guerra Mundial Imagem: The Ghost Army Legacy Project

Do UOL, em São Paulo

25/03/2024 04h00

Enganar os inimigos de alguma forma para levar vantagem é parte das estratégias de guerra desde que os gregos deram um cavalo de madeira de presente para os troianos. E durante a Segunda Guerra Mundial, um grupo americano chamado de "Exército Fantasma" foi responsável por salvar entre 15 mil e 30 mil militares apenas enganando os soldados de Hitler.

A missão do Exército Fantasma era tão sigilosa que muitos acabaram levando o segredo consigo para o túmulo, já que a história permaneceu como confidencial até 1996. Mas, na quinta-feira (21), três soldados foram homenageados e receberam a Medalha de Ouro do Congresso dos Estados Unidos pelos feitos durante a guerra.

Tanque de guerra inflável do Exército Fantasma Imagem: The Ghost Army Legacy Project

De acordo com a ABC News, o grupo era composto por 1.300 norte-americanos, entre eles engenheiros de som, locutores de rádios, publicitários, artistas e atores. As armas que tinham em mãos eram roteiros, figurinos e efeitos sonoros.

O "Exército Fantasma" operava a cerca de 400 metros das linhas de frente de batalha e era capaz de fazer parecer que sua força de combate era até 30 vezes maior que seu tamanho real, de acordo com o The Washington Post.

"Foi a primeira unidade móvel, multimídia e de dissimulação tática na história da guerra", afirmou Rick Beyer, coautor de "O Exército Fantasma da Segunda Guerra Mundial", ao Post.

Algumas das táticas incluíam o uso de tanques, caminhões e aviões infláveis, além de transmitir conversas falsas no rádio e efeitos sonoros pré-gravados das tropas em alto-falantes gigantes.

Tanques de guerra infláveis do Exército Fantasma Imagem: The Ghost Army Legacy Project

"Eles eram capazes de projetar seu engano - visual, sonoro, de rádio, efeitos especiais - através de todos esses meios diferentes, e foram essenciais no campo de batalha para manobrar o inimigo", disse Beyer, ao Washington Post.

O site oficial criado para homenagear o 23º Quartel-General das Tropas Especiais e da 3133ª Companhia de Sinais Especiais afirma que eles realizaram 25 ações enganosas em campos de batalha na França, Luxemburgo, Bélgica, Alemanha e Itália

Caminhões usados para transmitir informações falsas pelo rádio Imagem: The Ghost Army Legacy Project

Em sua obra, Beyer conta o que teria sido o desempenho de grande sucesso do Exército Fantasma. Eles imitaram uma força de 40 mil homens que se preparava para fazer a travessia do Rio Reno, em março de 1945. Para a operação, o Exército Fantasma inflou 200 caminhões e tanques, emitiu sons de veículos, marteladas, ofensas entre soldados e ainda transmitiram ordens falsas pelo rádio, fazendo-se passar por coronéis e generais. Os espiões alemães ouviram tudo em bares e cafés locais.

"Acho que tivemos sucesso, porque os alemães atiraram contra nós", contou em uma entrevista Bernie Bluestein, veterano de 100 anos do Exército Fantasma. Ele era especializado em criar placas falsas e estênceis de veículos.

Bluestein afirmou que os alemães bombardearam o exército falso enquanto o batalhão real realizava sua missão com o mínimo de baixas possíveis.

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