Topo

Oposição a Maduro denuncia problema para registrar candidatura na eleição

Para analistas, o problema não é só técnico, mas também "político", e o chavismo busca repetir 2018 Imagem: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters

Do UOL, em São Paulo

25/03/2024 21h57Atualizada em 25/03/2024 22h07

Os partidos de oposição a Nicolás Maduro habilitados a participar das eleições de julho dizem que ainda não conseguiram registrar a candidatura de Corina Yoris para presidente da Venezuela. O prazo acaba à 0h (horário local, 23h em Brasília).

O que aconteceu

Para analistas, problema não é só técnico, mas também "político". O cientista político Jorge Morán explicou à AFP que o chavismo busca repetir 2018, quando a oposição boicotou as eleições em que o presidente Nicolás Maduro venceu em meio a denúncias de fraude. "Fizemos todas as tentativas. (...) O sistema está totalmente bloqueado", denunciou Corina Yoris em entrevista coletiva.

Inscrições são feitas em uma plataforma específica na internet. Mas a coalizão opositora PUD (Plataforma Unitária Democrática) diz que não conseguiu acessar o sistema para inscrever Yoris, indicada por María Corina Machado, impedida de concorrer. "Tentamos ir ao CNE [Conselho Nacional Eleitoral] para entregar a carta solicitando uma prorrogação, e nem assim pudemos fazê-lo", disse a pré-candidata.

Outros nove candidatos conseguiram fazer a inscrição para a eleição. Eles se apresentam como opositores, mas são acusados de buscar dividir o voto anti-Maduro e, em alguns casos, de colaborar com o governo chavista. Caso a oposição consiga inscrever Yoris a tempo, o sistema ainda emitirá um relatório para ser apresentado e avaliado pelo CNE, que tem a palavra final.

Maduro também formalizou sua candidatura para um 3º mandato. As eleições serão disputadas em 28 de julho, quando Maduro buscará a reeleição pela segunda vez, o que pode levá-lo a 18 anos no poder. "Juro para vocês: em 28 de julho, dia do 70° aniversário do comandante [Hugo] Chávez, voltaremos a vencer", afirmou o presidente em um palanque montado nos arredores do CNE.

Com o impedimento da minha candidatura, estão deixando todo o país sem opção.
Corina Yoris, no X (antigo Twitter)

Quem é Corina Yoris

Corina Yoris (à dir.) foi indicada por María Corina Machado (à esq.), impedida de concorrer Imagem: Federico Parra/AFP

Corina Yoris tem 80 anos e nunca ocupou um cargo público. Prestigiada professora universitária, ela integrou a Comissão Nacional Primária da oposição, em que sua xará, María Corina Machado, obteve 90% dos votos em outubro de 2023. Embora a sua experiência política seja quase inexistente e a sua nomeação tenha surpreendido muitos militantes, a candidatura de Yoris traz esperanças.

Yoris já teve que desmentir uma fake news sobre sua nacionalidade. Nas redes sociais, espalhou-se o boato de que a professora não poderia concorrer à eleição por supostamente ter dupla nacionalidade — venezuelana e uruguaia —, o que ela nega. "Nasci em Caracas, meus pais nasceram na Venezuela e nunca optei por outra nacionalidade que não a venezuelana", esclareceu Yoris no X (veja abaixo).

Mais cedo, pré-candidata disse que sua idade não é uma desvantagem. "É apenas a força física que determina a capacidade de realizar uma tarefa da magnitude que temos. Acho que devemos enfatizar a capacidade encontrada aqui", disse Yoris, apontando para sua cabeça e seu coração. Caso concorra e vença as eleições, a professora teria 86 anos ao final de seu mandato.

(Com AFP, Reuters e RFI)

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Oposição a Maduro denuncia problema para registrar candidatura na eleição - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Internacional