Egito sediará novas negociações entre Israel e Hamas para cessar-fogo
Do UOL, em São Paulo*
07/04/2024 15h41Atualizada em 07/04/2024 16h01
Em meio à pressão internacional para um cessar-fogo em Gaza, delegações de Israel, Hamas, EUA e Catar estão no Egito para novas negociações sobre uma potencial trégua no conflito.
Entenda contexto por trás das negociações
Israel anunciou neste domingo (7) que retirou mais soldados do sul de Gaza, deixando apenas uma brigada. Enquanto isso, o país e o Hamas enviavam equipes ao Egito para novas negociações sobre um potencial cessar-fogo de seis meses no conflito, segundo a agência de notícias Reuters.
Apesar do anúncio, o Exército israelense não descartou novas operações na região. "A divisão deixou a Faixa de Gaza para se recuperar e se preparar para operações futuras", afirmou as Forças de Israel em comunicado enviado à AFP.
O governo israelense tem reduzido os números de tropas na região desde o início do ano para aliviar os reservistas e por estar sob pressão crescente dos EUA para melhorar a situação humanitária, especialmente depois do assassinato de sete trabalhadores humanitários em Gaza na semana passada.
Pressão vem dos EUA. Diante de mobilizações internacionais e de boa parte do eleitorado democrata, que criticam os ataques de Israel contra civis em Gaza, o presidente norte-americano Joe Biden exigiu que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, permitisse uma maior entrada de ajuda humanitária no território palestino e trabalhasse para um cessar-fogo, o que seria condicionante para a continuidade do apoio da Casa Branca a Israel.
Foi a primeira vez que Biden procurou condicionar a ajuda dos EUA, principal fornecedor de armas ao exército israelense, como forma de influenciar as ações militares de Israel.
Obstáculos nas negociações
Mesmo com o envio da delegação israelense ao Egito, Netanyahu advertiu que Israel não se curvará à pressão externa e não cederá a "exigências extremas". O primeiro-ministro israelense disse, no início da sua reunião semanal de gabinete neste domingo (7), que qualquer acordo deve incluir a libertação dos reféns ainda detidos em Gaza, e que as "exigências irracionais" do Hamas eram um obstáculo, segundo a Reuters.
Em um discurso perante o conselho de ministros no dia em que se completa seis meses da guerra que eclodiu em 7 de outubro, Netanyahu afirmou ainda que Israel está "a um passo da vitória", e completou: "não haverá cessar-fogo sem o retorno dos reféns. Isso simplesmente não acontecerá".
Já o Hamas afirma que um acordo deve garantir um cessar-fogo completo e abrangente, a retirada total das forças das áreas palestinas ocupadas após 7 de outubro e a liberdade de circulação dos residentes em toda a Faixa de Gaza.
A invasão do Hamas no sul de Israel deixou 1.170 pessoas mortas, segundo uma contagem da AFP baseada em dados israelenses. Ainda há 129 reféns detidos em Gaza, incluindo 34 que estariam mortas.
A resposta de Israel matou 33.137 pessoas, a maioria de civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas em Gaza. Outras 2,4 milhões de pessoas estão à beira da fome, diz a ONU.
* Com informações da Reuters e AFP.