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Porta do Inferno: o buraco em chamas há 50 anos causado por erro humano

Colaboração para o UOL*

29/04/2024 04h00Atualizada em 29/04/2024 17h14

Conhecida como "Porta para o Inferno", uma cratera formada na década de 1970 após um erro durante uma expedição soviética de perfuração do solo para obter gás atrai turistas no Turcomenistão.

Conheça a cratera de Darvaza, a 'Porta para o Inferno'

Situada no deserto de Karakum, no Turcomenistão, a cratera de Darvaza tem quase 70 metros de largura, cerca de 30 metros de profundidade e está em chamas há mais de 50 anos. No interior da cratera, a temperatura varia de 400°C a 1.000°C.

Região abriga enormes reservas de gás natural. A história mais aceita para a origem da cratera conta que, no começo dos anos 1970, quando o território do Turcomenistão fazia parte da União Soviética, foram realizadas perfurações na região com o objetivo de tentar explorar os recursos naturais da área. Durante os trabalhos, porém, parte do solo cedeu e deu origem ao buraco.

Com isso, os profissionais envolvidos no projeto teriam percebido que, da cavidade recém-aberta, estava sendo expelida uma grande quantidade de gás metano — que eles julgaram ser perigoso para as pessoas que estavam no lugar. A "solução" encontrada foi colocar fogo no buraco, para tentar extinguir o gás que estava saindo dali — esperando que ele queimasse rapidamente. As chamas, entretanto, jamais se apagaram.

'Porta do Inferno': Cratera Darvaza, no Turcomenistão Imagem: iStock/Getty Images

"Porta para o Inferno". Devido ao fogo que se origina em suas profundezas subterrâneas, o lugar ganhou o apelido de "Porta para o Inferno".

Ponto turístico. A cerca de 250 quilômetros de Ashgabat, a capital do Turcomenistão, local é procurado por turistas que visitam o país. Desta cidade é possível entrar em tours até a "Porta para o Inferno". Depois de descer de veículos que fazem o transporte de turistas até o local, é possível caminhar até a borda do buraco e ficar frente a frente com seu interior. Vistos de longe, os viajantes ficam minúsculos diante da cavidade no meio do deserto.

Em 2013, o explorador da National Geographic George Kourounis desceu a cratera. Ele coletou amostras do solo, na esperança de saber se a vida poderia sobreviver em condições tão adversas. "Foi muito mais assustador, muito mais quente e maior do que eu pensava", lembra.

'Porta do Inferno': Cratera Darvaza, no Turcomenistão Imagem: iStock/Getty Images

Afinal, é possível fechar a cratera?

Fechar a cratera Darvaza requer duas coisas: apagar o fogo e, em seguida, impedir que o gás vaze da terra. A solução, no entanto, não é tão simples quanto pode parecer.

Para apagar o fogo, por exemplo, poderia ser jogado cimento na cratera. Segundo a National Geographic, porém, o metano poderia simplesmente encontrar outras rotas para a superfície. Isso significa que a única maneira de acabar adequadamente a "Porta para o Inferno" é sufocar o vazamento de sua fonte de metano.

A chave, então, seria saber o que há sob a cratera. Mas, "não há realmente nenhuma maneira de detalhar e bloquear isso", conforme relatou Mark Tingay, especialista em geomecânica de petróleo da Universidade de Adelaide, ao National Geographic.

'Porta do Inferno': Cratera Darvaza, no Turcomenistão Imagem: iStock/Getty Images

Ainda assim, em 2022, o então presidente do Turcomenistão, Gurbanguly Berdymukhamedov, ordenou o fechamento da área. Na época, ele classificou a manutenção da cratera como desperdício de recursos naturais e disse acreditar que a queima constante do gás gerava toxinas que estavam impactando a saúde de habitantes e provocando danos ambientais.

Esta não foi a primeira tentativa de fechar a "Porta do Inferno": diversas foram realizadas ao longo dos anos — na década passada, o então presidente já havia reunido uma comissão com o mesmo objetivo, mas a iniciativa falhou.

*Com reportagem publicada em 08/03/2018 e 11/01/2022

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