Vulcão onde chinesa morreu tem 'lava' azul, lago ácido e fumaça de enxofre

Uma turista chinesa morreu após cair dentro do vulcão Ijen, na Indonésia. Ela teria tropeçado na roupa que usava enquanto se posicionava para tirar uma foto. O caso ocorreu no último sábado (20).

Como é o vulcão Ijen

O Ijen é um complexo vulcânico localizado perto da costa oriental da ilha de Java, na Indonésia. A Indonésia tem cerca de 130 vulcões ativos e registra atividade sísmica e vulcânica com frequência, pois está situada no "Círculo de Fogo do Pacífico".

Atração turística com lago ácido. O vulcão Ijen, que se tornou uma atração turística e é o mais famoso da região, tem um lago azul-turquesa famoso por ser o "mais ácido do mundo", segundo a Unesco. O lago fica na cratera do vulcão e tem quase um quilômetro de comprimento.

A região do Ijen ganha um brilho misterioso durante a noite. O brilho azul, incomum para um vulcão, não é lava, mas sim a luz produzida pela combustão de gases sulfúricos. Ela é chamada de "lava azul" ou "fogo azul".

Cratera emite brilho incomum, chamado de "fogo azul"
Cratera emite brilho incomum, chamado de "fogo azul" Imagem: Getty Images/iStockphoto

São as altas concentrações de enxofre e as temperaturas superiores a 360°C na cratera Ijen que criam um ambiente único para a formação de "fogo azul" — embora a maioria dos vulcões produza fogo vermelho ou laranja. O fenômeno só é visto durante a noite porque a luz solar prejudica a visibilidade das chamas azuis.

'Lava' azul do vulcão Ijen pode ser vista durante a noite
'Lava' azul do vulcão Ijen pode ser vista durante a noite Imagem: Reprodução / Wikimedia Commons / Jakub Ha?un

O ácido também é responsável pela cor incomum da água. O lago da cratera no topo do vulcão é o maior corpo de água do mundo cheio de ácido clorídrico, de acordo com o National Geographic. O local se tornou ácido porque o vulcão emitiu gás cloreto de hidrogênio, que reagiu com a água e formou um ácido clorídrico altamente condensado com pH quase 0.

Outro perigo do vulcão é sua fumaça tóxica, que pode surgir de repente a partir de fissuras nas rochas. Essa fumaça não é apenas vapor, mas sim sulfeto de hidrogênio e dióxido de enxofre. Essa substância faz arder os olhos e pode até queimar os pulmões e corroer a pele.

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Um dos perigos do vulcão é sua fumaça tóxica
Um dos perigos do vulcão é sua fumaça tóxica Imagem: Getty Images

'Ouro do diabo'

O Monte Ijen tem uma das últimas minas de enxofre ativas no mundo. Apesar das condições insalubres e perigosas, desde 1968 mineiros se aventuraram neste local imprevisível para extrair enxofre, que os moradores locais chamam de "ouro do diabo" devido à sua aparência.

Para acelerar a formação do mineral, uma mineradora instalou tubos em uma abertura ativa perto da borda do lago. De acordo com a BBC, esses tubos direcionam os gases de enxofre e, quando eles esfriam, se condensam em enxofre líquido, que então flui ou goteja dos canos e se solidifica. Depois que o enxofre sólido esfria, os mineiros o separam e o carregam nas costas subindo e descendo a montanha.

Os mineiros de enxofre ganham cerca de US$ 12 a US$ 17 por dia (aproximadamente de R$ 62 a R$ 88), segundo o Business Insider.

O Monte Ijen tem uma das últimas minas de enxofre ativas no mundo
O Monte Ijen tem uma das últimas minas de enxofre ativas no mundo Imagem: Reprodução / Wikimedia Commons / Jean-Marie Hullot
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De acordo com o National Geographic, muitos deles não têm condições de adquirir equipamentos de proteção, como luvas e máscaras, ou optam por não usá-los porque eles simplesmente dificultam o trabalho.

Uma possível razão pela qual a mina ainda está aberta é o turismo. Enquanto à noite os turistas vão ao local para ver as chamas azuis, durante o dia eles sobem para apreciar a vista — e também observar o trabalho dos mineiros.

A exposição de curto prazo a níveis altamente concentrados de dióxido de enxofre pode ser mortal, e a exposição crônica pode levar a dificuldades respiratórias, obstruções das vias aéreas e comprometimento da função pulmonar.

O que aconteceu

Mulher despencou por 75 metros. Huang Lihong, de 31 anos, caiu dentro do vulcão Ijen enquanto se posicionava para tirar uma foto. Ela teria tropeçado na roupa que usava — não está claro se era uma saia ou vestido.

Guia de turismo diz ter avisado de pontos perigosos. Ele contou à polícia que a mulher estava a cerca de três metros da borda do vulcão, mas resolveu ir o mais perto da cratera possível, apesar das orientações dele.

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Caso foi registrado como acidente. O corpo de Huan Lihong deve seguir para Bali antes de retornar à China, segundo o jornal Hongxing News.

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