Por que Milei gerou crise diplomática entre Argentina e a ex-aliada Espanha
Colaboração para o UOL*
20/05/2024 11h29
Nos últimos dias, a sólida relação da Argentina com a Espanha, segundo maior investidor do país, definitivamente foi abalada e uma ruptura é iminente. Isso porque, durante uma passagem por Madri no fim de semana, Javier Milei não apenas descartou a possibilidade de um encontro com o atual governo espanhol como participou de um evento organizado por um partido rival, de extrema direita.
O presidente argentino, inclusive, usou um dos momentos de fala no ato para atacar Pedro Sánchez e principalmente a primeira-dama, Begoña Gómez, chamando-a de "corrupta". Sobre tal declaração, o chanceler espanhol, José Manuel Albares, afirmou que a acusação de Milei ultrapassou qualquer diferença política ou ideológica.
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"O respeito mútuo e a não ingerência em assuntos internos é um princípio inquebrantável das relações internacionais e é inaceitável que um presidente em exercício, em visita à Espanha, insulte a Espanha e o presidente do governo da Espanha", afirmou ele, definindo o momento como "o mais grave da história recente" entre os dois países.
Espanha exige retratação de Milei
Devido a toda essa tensão, no último domingo (19), governo espanhol convocou de volta — até o momento, temporariamente — a embaixadora da nação europeia em Buenos Aires, María Jesús Alonso Jiménez. Por sua vez, de acordo com uma entrevista de Albares à rádio Cadena Ser, Roberto S. Bosch, embaixador argentino em Madri, recebeu uma exigência de pedido público de desculpas.
Questionado sobre a possibilidade de romper relações diplomáticas, o chanceler ainda afirmou que cogita essa opção caso Milei não se desculpasse. "Nós não queremos exercer estas medidas, mas se não houver um pedido público de desculpas, vamos fazê-lo", disse.
A possível intenção de Milei
Uma vez que o parlamento europeu está passando por um processo de renovação, com eleições marcadas para o dia 9 de junho, a participação de Milei no evento em questão, do partido VOX, impulsiona ainda mais os candidatos de extrema direita — além de suscitar dúvidas sobre os modelos defendidos por governos democráticos.