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Gêmeos e meninos: estudo traça perfil de crianças sacrificadas pelos maias

Templo maia na cidade de Chichén Itzá, no México Imagem: Reprodução/Chichén Itzá

Colaboração para UOL

15/06/2024 04h00

Um estudo publicado na revista científica Nature nesta quarta-feira (12) jogou luz sobre um dos mistérios da civilização maia e traçou um perfil de quem eram as crianças sacrificadas em rituais.

O que aconteceu

Encontraram restos de mais de cem crianças. Em 1967, na cidade de Chichén Itzá, no México, foi encontrada uma estrutura subterrânea com restos de 106 crianças, numa área próxima ao espaço onde eram realizados rituais pela civilização maia.

Na época, tecnologia não permitiu que fossem feitas muitas descobertas. Por exemplo, não foi possível descobrir se os ossos encontrados eram de um menino ou menina.

Estudo deste ano trouxe respostas. Com o apoio de tecnologias mais modernas de análise de DNA, pesquisadores de diversos países conseguiram desvendar mais alguns dos mistérios envolvendo o caso. A ideia, além de reunir mais informações sobre a civilização maia, era comparar as amostras genéticas encontradas com as das pessoas que moram em regiões próximas ao local atualmente para entender as semelhanças.

O que descobriram

Mais da metade pôde ser analisada. Dos ossos de 106 crianças encontrados, apenas 64 estavam em condições para serem analisados.

Eram meninos. Todos os analisados eram do sexo masculino.

Todos crianças pequenas. Eles tinham de três a quatro anos e viveram entre os anos 500 e 900.

Alguns eram parentes. 1/4 tinha algum grau de parentesco entre si, sendo que dois pares de gêmeos idênticos foram identificados.

Gêmeos não estavam lá por acaso. De acordo com os pesquisadores, gêmeos tinham destaque e simbologia na cultura maia, sendo que o seu livro sagrado, o Popol Vuh, cita o sacrifício de gêmeos, além destes serem amplamente representados pela arte maia clássica.

O que descoberta significa

Não se sabe ao certo que motivava sacrifícios. Especialistas não têm dados suficientes para confirmar as motivações, mas há quem associe os sacrifícios ao desejo de melhora no ciclo agrícola, em especial do milho, e a ocorrência de chuvas.

Semelhança genética com habitantes. A comparação dos genes das crianças maias com os de habitantes de Tixcacaltuyub, cidade próxima a Chichén Itzá, mostrou muitas semelhanças genéticas entre eles.

Resquícios coloniais. A principal alteração foi em relação ao sistema imunológico dos habitantes atuais, que estavam mais protegidos em relação a algumas doenças, como a salmonela. Segundo os pesquisadores, trata-se de um resquício da era colonial, quando os europeus introduziram novas doenças aos habitantes da América.

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