Lula mantém ida à Bolívia em julho e critica tentativa de golpe

O presidente Lula (PT) criticou mais uma vez a tentativa de golpe de Estado na Bolívia e disse nesta quinta-feira (27) que mantém a ida ao país daqui a duas semanas, para encontrar o presidente Luis Arce, seu aliado.

O que aconteceu

Arce sofreu uma tentativa de deposição ontem por generais do Exército. A situação foi controlada, e os mandantes, presos, mas indicou o clima de instabilidade política no país vizinho.

A viagem de Lula está marcada para o próximo dia 9. Ele vai a Santa Cruz de La Sierra, na região sul do país, para encontro bilateral com Arce e reunião com empresários brasileiros e bolivianos que tenham negócios em comum. "Quero mostrar para aquela gente que somente a democracia é capaz de permitir que a Bolívia cresça", disse o presidente em entrevista à rádio mineira Itatiaia.

O presidente voltou a criticar a tentativa de golpe e disse que há "muito interesse internacional" na Bolívia."[Tem] a maior reserva de lítio do mundo e tem outros minerais importantes, além de ter gás. Então a gente precisa ter em mente que [tem gente que] tem interesse em dar golpe", disse Lula.

O Itamaraty condenou o que chamou de "clara ameaça ao Estado democrático de direito" ontem. O presidente se reuniu com o chanceler Mauro Vieira e Celso Amorim, assessor da Presidência para assuntos internacionais, pouco após militares tomarem a praça em La Paz. Lula é aliado de Arce e do ex-presidente Evo Morales.

Eu sou contra golpes, sou favorável à democracia, por isso eu vou lá: para fortalecer a democracia e mostrar para os empresários que é muito importante que se mantenha a democracia porque, se não for assim, a Bolívia nem pode entrar no Mercosul.
Presidente Lula sobre sua ida à Bolívia

Tentativa de golpe

Generais bolivianos tomaram o Palácio Quemado, sede do governo, em tentativa de golpe, ontem. Vídeos do local mostram policiais militares fardados usando escudos para fechar o espaço e impedir que outras pessoas entrem na praça Murillo, em La Paz. Um blindado foi usado para arrombar as portas, e bombas de efeito moral foram usadas contra manifestantes.

Arce nomeou três novos chefes para as Forças Armadas da Bolívia após a tentativa de golpe. Depois do anúncio, militares que invadiram o Palácio Quemado se retiraram das imediações da sede do governo em La Paz.

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Ex-comandante do exército pediu "novo gabinete". Em frente ao Palácio Quemado, Juan José Zuñiga, que foi demitido na terça-feira (25), disse à imprensa que iria "trocar os ministros" e que "o país não pode continuar assim". Zuñiga afirmou ainda que iria liberar todos os que chamou de "presos políticos", e criticou figuras antigas da política boliviana, como Evo Morales.

Arce escreveu que as movimentações são "irregulares". "Denunciamos mobilizações irregulares de algumas unidades do exército boliviano. A democracia deve ser respeitada", publicou em suas redes sociais.

O ex-presidente Evo Morales, aliado de Lula, convocou mobilização contra "golpe de Estado". "Convocamos uma Mobilização Nacional para defender a Democracia frente ao golpe de Estado que é gestado e liderado pelo general Juan José Zuñiga, comandante do exército", afirmou em outra mensagem na rede social.

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