Topo

Bolívia: Ex-comandante irá à prisão de segurança máxima após tentar golpe

General Juan José Zúñiga é escoltado por policiais após sua prisão depois de liderar um movimento militar que tentou tomar à força o palácio do governo, em La Paz, na Bolívia Imagem: Daniel Miranda/AFP

Do UOL, em São Paulo*

28/06/2024 21h49Atualizada em 28/06/2024 23h13

A Justiça boliviana determinou a prisão preventiva, por seis meses, de Juan José Zúñiga, ex-comandante do Exército boliviano, preso após ocupar o palácio do governo e ordenar um golpe de Estado na quarta-feira (26).

O que aconteceu

Zúñiga ficará preso na unidade de segurança máxima de Chonchocoro, na capital La Paz. A decisão foi proferida nesta sexta-feira (28) pelo 5º Tribunal Anticorrupção e Violência Contra a Mulher. A informação foi veiculada pela Agência Boliviana de Informação e anunciada pelo procurador Cesar Siles.

Outros dois militares envolvidos na trama golpista também tiveram a prisão preventiva de seis meses decretada. São eles: o vice-almirante Juan Arnez, ex-chefe da Marinha boliviana, e Alejandro Irahola, ex-chefe da brigada mecanizada do Exército. Arnez e Irahola ficarão detidos em uma prisão de segurança máxima nos arredores de El Alto, uma cidade vizinha a La Paz.

Prisão em unidade de segurança máxima ocorre enquanto a investigação sobre tentativa de golpe prossegue. "Esta detenção preventiva que o juiz está dispondo sem dúvida vai estabelecer um precedente", afirmou Siles, que atua como advogado do Estado.

Antigos chefes das Forças Armadas são acusados pelos crimes de terrorismo e levantamento armado contra a segurança e soberania do Estado. Se condenados, os três oficiais podem ficar presos por até 20 anos, disse Siles. A audiência de Zúñiga ocorreu virtualmente, com início por volta das 14h (horário local) e com a decisão proferida em torno das 19h30 (horário local). Ainda na noite desta sexta, outros 10 presos por ligação com a trama golpista irão passar por audiência.

Ao todo, foram detidos 21 militares ativos, da reserva e civis pela tentativa de golpe da última quarta-feira. Segundo o governo, os três depostos comandantes do Exército, da Marinha e da Força Aérea estão envolvidos na conspiração.

Ministério Público pediu a manutenção da prisão. No documento, obtido pelo portal boliviano Unitel, o órgão apontou que Zúñiga e os outros dois militares poderiam fugir do país e obstruir as investigações caso fossem postos em liberdade.

Prisão

O ex-comandante do Exército boliviano, Juan José Zúñiga, foi preso na noite de quarta-feira (26). O Ministério Público boliviano abriu investigação contra o general e apoiadores.

A polícia boliviana deu voz de prisão a Zúñiga em La Paz. O ex-comandante liderou uma tentativa de golpe contra o Estado.

Momentos antes de ser detido, o ex-comandante declarou, em entrevista, que o presidente Luis Arce teria sinalizado que era necessário "preparar algo" para levantar a popularidade. Zúñiga insinuou que o líder tinha conhecimento sobre a tentativa de golpe de Estado desta quarta. "Perguntei a ele se podemos retirar (os veículos militares), então ele (o presidente) respondeu que sim", disse Zúñiga. O governo boliviano negou que tenha planejado um autogolpe.

Ex-comandante e demais envolvidos na tentativa de golpe serão investigados. No documento, o Ministério Público da Bolívia ainda alertou para uma possível fuga de Zúñiga do país. A emissora estatal Bolivia TV obteve o mandado de prisão contra o ex-comandante, onde a detenção é apontada como uma medida "proporcional".

A investigação contra o ex-comandante e seus apoiadores será por atentar contra a soberania do Estado e por delitos de terrorismo. Segundo o ofício do Ministério Público, as circunstâncias e uma possível estratégia do golpe serão apuradas.

Departamento de migração foi alertado. Ainda segundo o ofício, o órgão fez requisição para que a Digemig (Direção Nacional de Migrações) ativasse "de maneira urgente e imediata um alerta de migração" contra Zúñiga e outros agentes envolvidos na ação.

Tentativa de golpe de Estado

Militares bolivianos comandados por Zúñiga realizaram movimentações consideradas anormais nesta quarta-feira (26). Tanques e tropas foram colocados em frente à sede do governo, em La Paz, e ficaram por várias horas na sede presidencial antes de se retirarem.

Membros do Exército entraram no palácio sede do governo. Vídeos do local mostraram policiais militares fardados usando escudos para fechar o local e impedir que outras pessoas entrassem na praça Murillo, onde fica o prédio do governo. Um blindado foi usado para arrombar as portas e bombas de efeito moral estão sendo usadas contra manifestantes.

Ex-comandante pediu "novo gabinete". Em frente ao Palácio Quemado, Juan José Zúñiga, que foi demitido na terça-feira (25), disse à imprensa que "iria trocar os ministros" e que "o país não podia continuar assim". Ele afirmou ainda que ia liberar todos os "presos políticos", e criticou figuras antigas da política boliviana, como Evo Morales.

Luis Arce, presidente da Bolívia, rotulou a ação como "movimentações irregulares". "Denunciamos mobilizações irregulares de algumas unidades do exército boliviano. A democracia deve ser respeitada", publicou em suas redes sociais. Autoridades mundiais repudiaram a tentativa de golpe.

(Com AFP)

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Bolívia: Ex-comandante irá à prisão de segurança máxima após tentar golpe - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Internacional