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Bolívia: Governo nega autogolpe e diz que invasão foi planejada há semanas

O governo da Bolívia negou que tenha planejado um "autogolpe" na quarta-feira (26), quando militares entraram no Palácio Quemado, sede da Presidência. Tanques foram posicionados em frente ao local.

O que aconteceu

O ministro de Governo, Eduardo del Castillo, disse nesta quinta-feira (27) que o ex-comandante José Zúñiga "carece de veracidade". "Privado de liberdade, ele carece de qualquer grau de veracidade, tendo em conta as últimas falas que fez em diversos meios de comunicação. Esse foi, justamente, um dos motivos pelos quais perdeu o cargo. Ele violou a Constituição. Um soldado não pode deliberar sobre polícia, [...] os militares estão aí para cumprir instruções", afirmou à emissora boliviana Unitel.

Del Castillo também afirmou que o planejamento do golpe começou há cerca de três semanas. "Vários militares organizaram-se, conspiraram para tentar transgredir a ordem constitucional e houve um golpe de Estado fracassado. [...] Os relatórios técnicos periciais nos dão uma data aproximada de cerca de três semanas para o planejamento desse evento visando derrubar um governo democraticamente eleito".

Na entrevista, o ministro ainda disse que o presidente Luis Arce já havia alertado sobre a possibilidade de um plano de "desestabilização" na Bolívia. "O próprio presidente, há algumas semanas, teria afirmado que haveria uma tentativa de golpe no nosso país. Ninguém tinha certeza de quando isso aconteceria e quais seriam as características da tentativa de golpe de Estado".

No dia da tentativa de golpe, a ministra da Presidência, María Nela Prada, já havia negado as especulações. "Dizemos com firmeza e plenamente, diante do povo boliviano e da comunidade internacional, que o que vivemos hoje foi uma tentativa de golpe, um golpe fracassado. [...] Eles [oposição] procuram tentar obter uma pequena fatia de posicionamento político".

Autogolpe

Momentos antes da prisão, o ex-comandante do exército Juan José Zúñiga declarou que o presidente teria sinalizado que era necessário "preparar algo" para levantar a popularidade.

Zúñiga disse que se reuniu há alguns dias com Arce e perguntou sobre, supostamente, fazer uso dos blindados de guerra. O depoimento foi dito em uma breve entrevista do ex-comandante à imprensa boliviana.

"Arce me disse que a semana ia ser crítica", disse. Momentos antes da prisão, o militar afirmou que o presidente sinalizou positivamente para usar a força visando "aumentar a popularidade". As declarações do militar têm potencial de alimentar o discurso da oposição de Arce, que alega um suposto autogolpe.

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Governo anuncia prisão de 17 pessoas

O governo boliviano anunciou nesta quinta-feira (27) a detenção de 17 pessoas, incluindo militares ativos e reformados. Vários civis também foram detidos pela suposta ligação com o fracassado golpe de Estado contra o presidente de esquerda Luis Arce.

Haviam sido presos até quarta o general Juan José Zúñiga e o vice-almirante Juan Arnez, ex-comandantes do Exército e da Marinha, respectivamente. Nesta quinta, o governo apresentou os outros 15 capturados, que estavam algemados, vestiam coletes à prova de balas e eram vigiados por efetivos policiais.

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