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Um em cada três democratas acha que Biden deveria desistir de candidatura

O presidente dos EUA, Joe Biden, durante evento de campanha em Raleigh, na Carolina do Sul Imagem: Mandel Ngan/AFP

Do UOL, em São Paulo

02/07/2024 17h08

Um em cada três democratas acha que Joe Biden deveria desistir de concorrer à presidência dos Estados Unidos após o debate da semana passada, de acordo com um levantamento da agência de notícias Reuters e do instituto de pesquisas Ipsos. Dados foram divulgados nesta terça-feira (2).

O que aconteceu

Cerca de 32% dos democratas na sondagem disseram que Biden deveria desistir da sua candidatura à reeleição. As dúvidas dos eleitores democratas com relação à candidatura de Joe Biden não são novidade. Em janeiro, outra pesquisa Reuters/Ipsos mostrou que 49% dos democratas disseram que ele não deveria concorrer novamente em 2024.

Pesquisa revelou que tanto Trump, de 78 anos, como Biden, de 81, mantêm o apoio de 40% dos eleitores registados. Números sugerem que Joe Biden não perdeu terreno desde o debate. A pesquisa foi realizada online e entrevistou 1.070 adultos norte-americanos em todo o país.

A ex-primeira-dama Michelle Obama seria a única a vencer Donald Trump em um hipotético confronto. A Reuters explicou que foram apresentados nomes dos principais democratas dos EUA. Apenas Michelle superou Biden e liderou Trump por 50% a 39% em um possível confronto. Em declarações, a ex-primeira-dama afirmou que não pretende concorrer à presidência.

Mesmo após o debate, Biden deu sinais de que permanecerá na corrida eleitoral. A pesquisa revelou que, caso ele decida deixar a disputa, possíveis substitutos não têm um desempenho satisfatório contra Trump. Por exemplo, a vice-presidente Kamala Harris ficou atrás de Trump por um ponto percentual, 42% a 43%, uma diferença que estava bem dentro da margem de erro de 3,5 pontos percentuais da pesquisa, tornando o desempenho de Harris estatisticamente semelhante ao de Biden.

Biden foi visto como velho demais para trabalhar no governo por 59% dos democratas. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, uma estrela em ascensão no Partido Democrata, que pode concorrer à presidência em futuras eleições, teve um desempenho ligeiramente pior, atrás de Trump por 39% a 42%.

Outros possíveis substitutos também não venceriam Trump em um confronto hipotético. Cerca de 70% dos democratas entrevistados disseram nunca ter ouvido falar do governador do Kentucky, Andy Beshear, que alguns doadores democratas consideram um bom candidato após as suas vitórias para governador no seu estado fortemente republicano. Já a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, ficou atrás de Trump por 36% a 41%, enquanto o governador de Illinois, J.B. Pritzker, teve 34% de apoio em comparação com os 40% de Trump.

Possibilidades e dificuldades

Desempenho de Biden acendeu um alerta no Partido Democrata. Com a voz rouca, uma gagueira persistente e frases confusas, o presidente deixou uma imagem oposta à mostrada por seu rival, que adotou um tom claro e enérgico no debate na CNN. Desde então, vários democratas têm demonstrado preocupação e sugerido — de forma anônima — que Biden abandone a disputa. Doggett, de 77 anos, é o primeiro a falar sobre isso abertamente.

Democratas têm até a Convenção Nacional para definir candidato. No evento, que acontece entre os dias 19 e 22 de agosto, o partido apresentará e oficializar o nome de quem concorrerá contra Trump nas eleições de novembro. Analistas com quem o UOL conversou explicaram ser "praticamente impossível" que os democratas consigam substituir Biden — se assim o quiserem — sem que o próprio presidente se retire da disputa, algo que ele já jurou diversas vezes que não faria.

Desistência de Biden seria a solução possível, mas é pouco provável. O democrata pode se retirar da disputa pela reeleição e continuar no cargo até o fim de seu mandato, mas seria uma situação bastante incomum: na história dos EUA, isso só aconteceu uma vez, em 1968, com o então presidente (e também democrata) Lyndon Johnson. Em caso de desistência, uma disputa seria aberta dentro do partido, uma vez que nem Biden, nem qualquer outra pessoa poderia nomear um sucessor.

Partido agora vive uma 'sinuca de bico', segundo especialista. Por um lado, tirar Biden da disputa enfraqueceria ainda mais sua imagem, reforçando a tese dos republicanos de que o presidente não é capaz de governar os EUA por mais quatro anos. Por outro, faltando menos de dois meses para a convenção democrata e pouco mais de quatro meses para a eleição, "qualquer candidato agora vai sair em grande desvantagem em relação a Trump", disse ao UOL Adriano Cerqueira, professor de Relações Internacionais do Ibmec-BH.

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