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Nove meses de guerra Israel-Hamas: entenda o conflito entre judeus e árabes

A guerra na Faixa de Gaza entrou no nono mês neste domingo (7) Imagem: Omar AL-QATTAA / AFP

Colaboração para o UOL*

08/07/2024 12h18

A guerra devastadora na Faixa de Gaza entrou no seu nono mês neste domingo (7). O conflito, que começou em 7 de outubro de 2023, já provocou dezenas de milhares de mortos, destruiu grande parte do território e forçou o deslocamento da maioria dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza.

Entenda a origem do conflito entre judeus e árabes

Conflito é relativamente recente. Até o final do século 19, judeus e diferentes povos árabes viviam como "primos" (o que supõe, claro, conflitos ocasionais). Os problemas ganharam corpo com a crise dos grandes impérios, que permitiu o avanço de inúmeros movimentos nacionalistas.

Surgimento do nacionalismo árabe e do sionismo. Entre esses novos movimentos estavam o nacionalismo árabe, que defendia a criação de um grande Estado árabe independente dos turcos; e o movimento sionista, defensor da volta dos judeus à Palestina —dispersos por todo o mundo desde a destruição de seu Estado independente, no início da era cristã.

A 1ª Guerra Mundial (1914-1918) redesenhou o mapa do Oriente Médio. Além de selar o fim dos grandes impérios, ela redesenhou o mapa do Oriente Médio, que antes era dominado pelos turcos. Os ingleses receberam um mandato da Liga das Nações para ocupar por 30 anos os atuais Iraque, Jordânia e Palestina. A França ficou com o que hoje são a Síria e o Líbano.

Grã-Bretanha prometeu a mesma coisa aos dois lados. Para conquistar o apoio dos árabes contra os turcos na 1ª Guerra, assim como o respaldo dos judeus nos impérios Russo e Austro-Húngaro e também nos EUA, a Grã-Bretanha prometeu aos árabes um grande Estado independente, o que suporia a inclusão da Palestina, e aos judeus, um "lar nacional" na Palestina.

As duas comunidades passaram a disputar espaço na Palestina sob mandato britânico. Os sionistas traziam jovens pioneiros da Europa Oriental para cultivar terras compradas dos árabes por milionários judeus. E os nacionalistas árabes lançavam ataques armados contra as novas comunidades judaicas. Os britânicos ficavam no meio do caminho, ora limitando a imigração judaica, ora restringindo os ataques dos militantes árabes.

Massacre na Europa

Tudo mudou com a 2ª Guerra Mundial (1939-1945). Mais de seis milhões de judeus foram massacrados pelos nazifascistas na Europa, ao lado de milhões de russos, poloneses, homossexuais e dissidentes políticos. No final da guerra, com a Europa arrasada, o sionismo se tornou rapidamente majoritário entre os judeus sobreviventes.

Apoio internacional. Com a retirada das tropas britânicas da Palestina marcada para 1947, os sionistas —que contavam com a simpatia da opinião pública mundial, devido ao massacre dos judeus na guerra — conseguiram costurar o apoio dos dois grandes vencedores do conflito, União Soviética e EUA, à divisão do território.

A partilha da Palestina. Assembleia Geral da ONU votou pela partilha da Palestina em dois estados: um árabe e outro judeu. Em maio de 1948, o futuro primeiro-ministro David Ben Gurion anunciou a criação do Estado de Israel. O mundo árabe não aceitou a partilha e, nos dias seguintes, sete estados árabes declararam guerra a Israel, que foi invadido por cinco exércitos. Valendo-se da divisão do mundo árabe, os israelenses venceram a guerra e expulsaram muitos palestinos do que deveria ser seu Estado.

Três grandes guerras. Desde então, houve três grandes guerras entre Israel e os países árabes: em 1956, 1967 e 1973. Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel ocupou a Faixa de Gaza e o deserto do Sinai, que pertenciam ao Egito, as colinas do Golan (Síria), as fazendas de Shebaa (Líbano), Jerusalém Oriental e a Cisjordânia (Jordânia).

Em 1979, Israel assinou a paz com o Egito, que recebeu de volta o Sinai. Nunca mais o mundo árabe conseguiria se unir contra o Estado judeu. Sucessivos governos israelenses incentivaram a criação de colônias judaicas nos territórios ocupados, principalmente a Cisjordânia.

Hamas x Israel

Resistência palestina optou então pela luta armada. Lançando mão por vezes do terrorismo —com ataques a alvos civis dentro e fora de Israel. O resultado foi pouco alentador e o terrorismo até reforçou a posição de Israel, que tem nos EUA seu principal aliado.

Paz entre judeus e palestinos tem parecido cada vez mais distante. A OLP (Organização pela Libertação da Palestina), que defendia um acordo com Israel, perdeu espaço nos territórios ocupados para o movimento fundamentalista islâmico Hamas, que tem apoio do Irã e da Síria e rejeita a paz com o Estado judeu. E o cenário político israelense deslocou-se para a direita, com as forças pacifistas perdendo espaço.

*Com AFP e reportagem publicada em 09/10/2023

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