Derrete alvos: como é o laser 'Star Wars' que será usado pela Coreia do Sul
Giovanna Arruda
Colaboração para o UOL
14/07/2024 04h00
A Coreia do Sul terá armas a laser para derrubar drones norte-coreanos, de acordo com a Administração do Programa de Aquisição de Defesa da Coreia do Sul (DAPA, na sigla em inglês). O programa, chamado de "Projeto Star Wars", está previsto para entrar em vigor ainda este ano e reforça a corrida mundial no desenvolvimento e na utilização de armas a laser.
O que aconteceu
Em comunicado, a DAPA anunciou mais um avanço nas forças militares do país. Segundo o jornal local The Korea Times, a Coreia do Sul irá iniciar a implantação de uma arma a laser com capacidade para derrubar drones ainda em 2024. O negócio teria custado cerca de 100 bilhões de wons, aproximadamente R$ 395 milhões.
Ofensiva acontece depois do envio de drones ao território sul-coreano. Em dezembro de 2022, a Coreia do Sul afirmou que cinco drones da vizinha Coreia do Norte entraram em seu território, no primeiro incidente do tipo em cinco anos. Aviões de combate foram enviados para derrubar os drones, porém não obtiveram sucesso.
Novas armas a laser aumentarão o poder militar do país. Segundo a DAPA, a capacidade do Sul de "responder às provocações com drones da Coreia do Norte vai melhorar significativamente" com os novos sistemas implantados.
Região é marcada por tensão há decadas. As duas Coreias permanecem tecnicamente em guerra desde que o conflito entre os países (1950-1953) terminou com um armistício, e não com um tratado de paz.
Discreto, barato e poderoso
O feixe de luz disparado pelo laser inspirou o nome do projeto sul-coreano: Star Wars. O sabre de luz é um dos ícones mais famosos da franquia dos filmes de fantasia.
O ataque, de acordo com a DAPA, é à queima-roupa e utiliza fibras óticas. O feixe de laser seria acionado por um período de 10 a 20 segundos, elevando a temperatura do alvo para mais de 700ºC. A alta temperatura causada pelo laser seria capaz de derreter componentes internos dos drones, como o motor e suas baterias, provocando a queda do alvo.
Tiro de laser custa menos de R$ 8. Ainda de acordo com a DAPA, cada tiro de laser custaria 2.000 wons, cerca de R$ 7,90. Segundo o The Korea Times, o custo por tiro é "extremamente barato em comparação a outras armas guiadas".
O sistema da arma depende somente do fornecimento de energia elétrica. Considerado pelos responsáveis como uma alternativa "eficaz e eficiente", a arma a laser não exigiria uma estrutura física complexa. Ao ser disparado, o laser é invisível a olho nu e não emite nenhum som.
Sistema foi avaliado em testes e deve ser incrementado. A Coreia do Sul iniciou o estudo de arma a laser em 2019. Todo o sistema passou por testes até ser considerado apto para ir à combate. A DAPA declarou que planeja desenvolver uma versão melhorada da arma, com maior potência e alcance.
Evolução tecnológica nas táticas de guerra
Governo sul-coreano acredita que a utilização do laser irá mudar as dinâmicas de conflitos armados. O sistema aderido pela Coreia do Sul poderia ser, segundo a DAPA, um divisor de águas caso a produção seja aumentada e adaptada para responder às ameaças de mísseis balísticos e aeronaves de grande porte.
Israel também usará laser em conflitos armados. Conhecido como Iron Beam (Feixe de Ferro, em português), o sistema a laser que vem sendo desenvolvido pelo governo israelense será capaz de interceptar potenciais ameaças, com o uso de tecnologia a laser e GPS.
Poder do laser seria utilizado contra ataques do Hamas e do Hezbollah. Segundo o governo de Israel, o feixe conseguiria destruir drones, morteiros e mísseis antitanque enviados ao território israelense.
Reino Unido fez o primeiro disparo de arma a laser de alta precisão. Em teste realizado no início do ano na Escócia, uma arma a laser de alta potência foi utilizada contra um alvo aéreo pela primeira vez.
Arma recebeu o nome de Dragonfire. Segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido, esse tipo de armamento usa um feixe de luz intenso para atravessar o alvo e pode atingir a velocidade da luz. Com uma precisão impressionante, a Dragonfire seria capaz de acertar uma moeda a 1 km de distância.
Em 2022, a Marinha dos Estados Unidos anunciou que havia realizado um teste com arma a laser. No teste, um feixe de luz foi disparado na direção de um drone que simulava o voo de um míssil. O laser teria gerado um brilho alaranjado no drone, que teria tido suas estruturas derretidas e caído logo depois.