Análise: Venezuela mobiliza paixões e é maior desafio diplomático do Brasil
Colaboração para o UOL, em São Paulo
23/07/2024 13h50
A Venezuela é o principal desafio diplomático do Brasil, que adota uma postura condescendente com Nicolás Maduro, disse a professora de relações internacionais Carolina Pedroso, da Unifesp, no UOL News desta terça (23).
Candidato à reeleição, o presidente venezuelano afirmou que vencerá o pleito marcado para o próximo domingo (28) e provocou a oposição ao dizer que não quer "choradeira".
Diria que, hoje, a Venezuela é o principal desafio diplomático do Brasil, mais do que outras questões globais que o Brasil participa e tenta, de alguma maneira, ser protagonista. A Venezuela está aqui na nossa vizinhança e qualquer instabilidade na nossa vizinhança tem repercussões diretas aqui.
Outro elemento importante também é que a Venezuela é um tema de polarização no Brasil, um tema espinhoso. Mobiliza paixões dos diferentes espectros ideológicos, então isso também tem repercussão no governo brasileiro. A gente sabe que qualquer coisa que Lula fala sobre Venezuela vai ter uma repercussão negativa sobre ele.
O que aconteceu
Maduro disse estar confiante de sua vitória nas urnas. O presidente venezuelano, que busca o terceiro mandato consecutivo, alfinetou a oposição durante discurso para apoiadores em San Cristóbal, na segunda-feira (22), em que ressaltou ter o apoio das Forças Armadas e da maioria da população para confirmar sua vitória "de lavada".
Presidente declarou que oposição deverá respeitar o resultado das urnas "sem fazer show, nem choradeira" porque ele vai "ganhar de lavada". "Já sei o final do filme. Ninguém vai manchar o processo eleitoral da Venezuela, porque não permitirei isso. Terão que respeitar os resultados", afirmou.
Para Maduro, a oposição quer "transformar a Venezuela na Argentina de Milei", com foco nas privatizações de serviços públicos. "Não quero show, nem historinha. Os covardes já perderam desde agorinha", entoaram seus apoiadores em meio às falas em San Cristóbal.
Eleições na Venezuela
As eleições venezuelanas, previstas para acontecer neste final de semana, estão marcadas por incertezas. Recentemente, Nicolás Maduro gerou polêmica ao declarar que, "se não querem que o país caia em um banho de sangue", é preciso "garantir a maior vitória da história eleitoral do nosso povo", em referência a própria candidatura.
Fala de Maduro repercutiu negativamente e o presidente Lula (PT) disse que o líder venezuelano precisa respeitar o resultado, mesmo em caso de derrota. "Nicolás Maduro precisa aprender que, quando se perde, é preciso respeitar o resultado e ir embora". Posteriormente, a oposição agradeceu o apoio do petista ao processo lícito eleitoral da Venezuela.
Chavismo na "berlinda". No domingo (28), mais de 20 milhões de venezuelanos vão às urnas eleger o novo presidente ou dar prosseguimento ao mandato de Maduro. Esta, entretanto, é a primeira vez que o chavismo pode ser derrotado, porque o opositor Edmundo Gonzalez é apontado como o favorito pelas pesquisas de intenções de votos. Maduro aparece em segundo.
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