Maduro fala em 'banho de sangue' caso não vença eleição na Venezuela
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, alertou para a possibilidade de um "banho de sangue" e uma "guerra civil" caso não vença as eleições, marcadas para o próximo dia 28. Maduro busca um terceiro mandato de seis anos, e a disputa tem sido marcada por denúncias de prisões de opositores, acusados pelo governo de conspirar para derrubá-lo.
O que aconteceu
Para Maduro, apenas sua vitória garantirá a 'paz' no país. O presidente venezuelano reforçou que o resultado das eleições é crucial para evitar conflitos. "Quanto mais contundente for a [nossa] vitória, mais garantias de paz vamos ter", disse Maduro durante discurso no bairro de La Vega, em Caracas, na quarta-feira (17).
Declarações repetem discurso feito na semana passada. Na quinta (11), Maduro disse que a Venezuela decidirá entre "guerra e paz" nas próximas eleições. "Em 28 de julho, escolheremos entre protestos violentos e tranquilidade, colônia ou projeto de pátria, fascismo ou democracia. Estão preparados? Estão preparadas? Eu estou preparado", declarou.
O destino da Venezuela no século 21 depende de nossa vitória no dia 28 de julho. Se não querem que a Venezuela caia em um banho de sangue, em uma guerra civil fratricida causada pelos fascistas, precisamos garantir a maior vitória da história eleitoral do nosso povo. (...) Quanto mais contundente for a vitória, mais garantias de paz vamos ter.
Nicolás Maduro, em discurso durante ato em Caracas
Denúncias da oposição
Líder da oposição fala em 'escalada repressiva' na Venezuela. "Estou ligando um alarme para o mundo sobre a escalada da repressão de Maduro contra aqueles que trabalham na campanha eleitoral ou nos ajudam em qualquer parte do país: ele fez da violência e da repressão a sua campanha eleitoral", denunciou María Corina Machado, que foi impedida pela Justiça de concorrer à presidência.
Chefe de segurança de opositora foi preso na quarta-feira (17). Segundo o movimento Vente Venezuela, Milciades Ávila foi levado de madrugada, em um ato de "violação de todos os procedimentos legais". Atualmente, seis dos ex-funcionários de campanha de María Corina estão escondidos na embaixada da Argentina, de onde buscam asilo político. O governo da Venezuela não se manifestou sobre o caso.
Em 6 meses, 46 pessoas ligadas à oposição foram detidas. Os números são da ONG Acesso à Justiça. No último dia 6, as autoridades venezuelanas liberaram cinco pessoas que haviam sido detidas por apoiar um evento do candidato Edmundo González Urrutia, principal adversário de Maduro nas eleições.
Principal rival de Maduro pediu respeito ao resultado da eleição. Favorito nas pesquisas, Edmundo González Urrutia disse às Forças Armadas que protejam a Constituição e garantam o respeito à "decisão do povo soberano". "Convido-os a uma nova fase que começará em nosso país, na qual novamente terão um papel de destaque", afirmou o representante de María Corina Machado no dia 5.
Situação na Venezuela
Apesar da recente recuperação, muitas famílias ainda passam fome. Cerca de 5 milhões de pessoas — ou 17,6% da população total do país — não está recebendo comida suficiente, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas). A Venezuela tem o segundo maior nível de fome na América do Sul, atrás apenas da Bolívia. O governo culpa as sanções dos EUA por suas dificuldades econômicas.
Presidente desde 2013, Maduro deu amplo poder aos militares. As Forças Armadas controlam não só as armas, mas também empresas de mineração, petróleo e distribuição de alimentos, além de alfândegas e ministérios importantes. Para a oposição, que denuncia redes de corrupção que enriqueceram muitos oficiais, a politização começou com o falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013).
(Com AFP, ANSA e Reuters)
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