Ex-presidente argentino cobra 'posição democrata' de Lula sobre Venezuela
Do UOL, São Paulo
29/07/2024 11h19
O ex-presidente argentino Mauricio Macri pediu que Lula se manifeste sobre o resultado das eleições na Venezuela, em que o ditador Nicolas Maduro foi reeleito.
O que aconteceu
''Não fique calado'', disse Macri nesta segunda-feira (29). O pedido foi feito pelo X após o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) anunciar que Maduro venceu com 51% dos votos.
Ele afirmou que venezuelanos e líderes aguardam a palavra do presidente brasileiro nesse momento difícil. ''Espero que o presidente Lula, que considero um democrata para além das nossas diferenças ideológicas, não fique calado'', escreveu.
''Ameaça a democracia'', chamou Macri. Ele ainda disse que o que está acontecendo na Venezuela é um ''risco enorme para que essa ditadura persista na nossa região''.
ONG também cobrou posicionamento de Lula. A PROVEA, organização venezuelana, declarou que o futuro de milhões de pessoas depende da resposta do governo brasileiro.
Até o momento, 80% dos votos foram apurados, segundo último boletim divulgado pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral). Nenhuma ata da eleição foi apresentada, o que gera questionamento na oposição e em observadores internacionais.
Itamaraty aguarda ata
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro contou estar aguardando a divulgação de dados das mesas da votação. A nota foi publicada nesta manhã e informou que o governo acompanha com atenção o processo de apuração.
O assessor para Assuntos Internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, disse que Lula está sendo informado sobre a votação. ''Vamos aguardar os resultados finais e esperamos que sejam respeitados por todos os candidatos", explicou Amorim, que está na Venezuela como observador das eleições.
O que disse Lula antes das eleições
"Banho de voto" x "banho de sangue". O presidente brasileiro ainda afirmou a agências internacionais de notícias, no dia 22, que havia ficado "assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perdesse as eleições iria ter um banho de sangue". "Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora".
Processo eleitoral respeitado. "Eu já falei para o Maduro duas vezes, e o Maduro sabe, que a única chance da Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo o mundo... Se o Maduro quiser contribuir para resolver a volta do crescimento na Venezuela, a volta das pessoas que saíram da Venezuela e estabelecer um Estado de crescimento econômico, ele tem que respeitar o processo democrático", disse Lula.
Lula também afirmou que o que interessava era relação com Brasil. "Por que que eu vou querer brigar com a Venezuela, com a Nicarágua, com a Argentina?", questionou Lula no dia 19. "Eles que elejam os presidentes que eles quiserem. O que me interessa é a relação de Estado." "Todo mundo gosta do Brasil e o Brasil tem de gostar de todo mundo", argumentou, no mesmo evento. "Não tem nenhum país do mundo sem contencioso com ninguém como o Brasil, não existe."