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Governo Lula condena 'veementemente' assassinato de líder do Hamas no Irã

Ismail Haniyeh, líder político do Hamas, em foto de 2021 Imagem: Aziz Taher/Reuters

Do UOL, em São Paulo

31/07/2024 13h48Atualizada em 31/07/2024 16h26

O Ministério das Relações Exteriores publicou uma nota hoje (31) condenando "veementemente" o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, nesta madrugada.

O que aconteceu

O governo Lula condenou "flagrante desrespeito à soberania e à integridade territorial do Irã". O Itamaraty considerou o ataque de Israel como uma "violação aos princípios da Carta das Nações Unidas".

Ato dificulta paz em Gaza, afirma ministério. Para o MRE, os atos dificultam a "solução política" para o conflito em Gaza, impactando negativamente as conversas por um cessar-fogo. Ao fim da nota, o Brasil pede para que o mesmo seja implementado na região quanto antes.

Governo pede "máxima contenção" no Oriente Médio. O ministério considera que essa é necessária para impedir que a região veja uma escalada nos conflitos, "às custas de vidas civis e inocentes".

Quem era Ismail Haniyeh, líder do Hamas morto no Irã

Haniyeh é membro do Hamas desde a fundação do grupo extremista, em 1987. Ele, que fazia parte de movimentos estudantis desde que entrou na universidade, participou dos protestos da Primeira Intifada naquele mesmo ano.

Filho de refugiados expulsos do território de Asqalan quando Israel foi criado. Os pais de Haniyeh se mudaram para o campo de refugiados de Al-Shati, na Faixa de Gaza, em 1948, 15 anos antes de o líder político nascer, em 1963.

Ativismo universitário o aproximou da "semente" do Hamas. Em 1983, Haniyeh iniciou o curso de literatura árabe na Universidade Islâmica da Cidade de Gaza. Foi lá que ele entrou no Bloco de Estudantes Universitários, organização considerada a percursora do grupo extremista.

Prisões e deportação. Ismail foi preso pela primeira vez, por seis meses, em 1988. Em 1989, ele foi preso novamente por três anos por sua participação na Primeira Intifada. Após ser solto, ele foi deportado para o Líbano por determinação israelense. Ele só conseguiu voltar a Gaza em 1993, com o Acordo de Paz de Oslo.

Aproximação com o sheik Ahmad Yassin. Após voltar do exílio, Haniyeh se aproximou do sheik Ahmad Yassin, líder espiritual que fundou o Hamas. Após a saída de Yassin da prisão, em 1997, Ismail tornou-se assistente do sheik, o que ajudou a trilhar seu caminho até a liderança do grupo extremista.

Fuga de ataque em 2003 potencializou sua popularidade em Gaza. Haniyeh deixou um prédio na Cidade de Gaza segundos antes de ele ser atingido por um bombardeio israelense em setembro de 2003. Meses depois, Yassin, que também escapou do ataque, foi morto pelas forças israelenses. A aparição constante de Haniyeh na mídia neste período foi um dos fatores que contribuíram para a construção de imagem de lider dele, explicou o professor Hassan Barrari, da Universidade do Catar, à Al Jazeera.

Cargo de primeiro-ministro foi assumido após Hamas ganhar eleições. Em 2006, após o braço político do grupo extremista ganhar a eleição do Conselho Legislativo Palestino, Haniyeh foi nomeado primeiro-ministro do país.

Mandato democrático durou pouco. Após pressão internacional, Haniyeh foi demitido do cargo em 2007. A crise deu espaço a uma guerra civil, que culminou na tomada de poder do país por parte do Hamas. Desde então, Gaza não tem eleições democráticas.

Nomeado para líder do Hamas em 2017. Apesar de ser um nome importante do Hamas desde as eleições de 2006, Ismail só virou líder oficial do movimento em 2017, quando Khaled Meshaal deixou o cargo.

Filhos e netos mortos após ataques a Israel. Após os ataques de outubro de 2023, Israel classificou Haniyeh como um dos seus alvos mais procurados. Em abril, seis meses após os ataques, três filhos e quatro netos do líder foram assassinados por forças israelenses. Segundo o próprio Ismail, 60 dos parentes mais próximos dele foram mortos desde o começo da guerra.

Procurado pelo Tribunal Penal Internacional. Em 20 de maio, mandados de prisão contra Ismail Haniyeh foram emitidos contra o líder do Hamas por crimes contra a humanidade cometidos desde 7 de outubro, quando Israel foi invadido.

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