Irã prende mais de 20 em investigação sobre assassinato do líder do Hamas
Do UOL, em São Paulo
03/08/2024 21h38Atualizada em 03/08/2024 21h38
O Irã prendeu mais de 20 pessoas após morte de um dos principais líderes do Hamas no norte da capital iraniana Teerã nesta semana. A informação foi divulgada pelo jornal New York Times.
O que aconteceu
Lista de presos inclui altos oficiais de inteligência, militares do país e funcionários de uma casa de hóspedes. Dois iranianos que têm conhecimento da investigação sobre a morte afirmaram ao jornal que as prisões são respostas a falha de segurança que ocasionou o assassinato do chefe do Hamas, Ismail Haniyeh.
Irã iniciou uma grande investigação sobre o caso. A unidade de inteligência especializada em espionagem da Guarda Revolucionária está à frente da apuração do caso e procura suspeitos que podem repassar informações sobre quem planejou e executou o assassinato do chefe do grupo extremista. Nomes dos presos e mais detalhes da apuração não foram divulgados.
Haniyeh visitava o Teerã para a posse do novo presidente iraniano. Ele estava hospedado na casa de hóspedes administrada por militares no Teerã quando ocorreu a explosão, poucas horas antes da posse.
Morte de líder político do Hamas
O líder político e principal interlocutor do Hamas Ismail Haniyeh, 62, foi assassinado durante viagem a Teerã, no Irã, na quarta-feira (31). A morte de Haniyeh aumenta as tensões de uma guerra regional, após o Irã prometer se vingar.
Hanieyh morreu em um ataque de "projétil de curto alcance" disparado contra sua residência em Teerã. A informação foi divulgada pela Guarda Revolucionária, o Exército ideológico da República Islâmica. O Irã atribui a Israel a operação que terminou com a morte.
Israel reagiu às ameaças e disse estar preparado para a guerra. Yoav Gallant, ministro da Defesa israelense, informou que o estado judeu prefere evitar uma guerra, mas que está "preparado para todas as possibilidades".
Novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, afirmou que o país defenderá sua integridade territorial. "Israel se arrependerá pelo assassinato covarde", afirmou ele. O assassinato escancara a falha de segurança por parte do Irã e, segundo diplomatas, pode levar iranianos a retaliar Israel para manter sua credibilidade diante das forças políticas internas, apurou o colunista do UOL, Jamil Chade.
Autoridades palestinas e governos da Turquia, Qatar, Irã e Rússia condenaram o assassinato. O próprio Hamas indicou que o ato representa uma "escalada grave" na guerra e que não ficará impune.
Estados Unidos e outros atores globais fazem esforços diplomáticos para que a resposta do Irã seja proporcional, e não gatilho para uma guerra regional. A morte também pode enterrar as negociações de um cessar-fogo em Gaza. Ismail Haniyeh era o líder da delegação do Hamas nas conversas patrocinadas pelo Qatar.