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'Eles nunca imaginaram nossa reação', diz líder da oposição a Maduro em ato

Do UOL*, em São Paulo

03/08/2024 14h36Atualizada em 03/08/2024 16h43

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, discursou neste sábado (3) em uma manifestação que contesta a vitória de Nicolás Maduro na eleição presidencial.

O que aconteceu

Milhares de venezuelanos estão nas ruas contra o resultado das eleições. Corina foi recebida com aplausos e gritos de "Liberdade, liberdade" e "Não temos medo" em um ato em Caracas.

"Eles são capazes de qualquer coisa, mas nunca imaginaram a nossa reação, a nossa coragem", afirmou ela. Corina acrescentou que o regime chavista "nunca esteve tão fraco" e pediu que os manifestantes continuem lutando.

Sabíamos que isso ia acontecer, que nossa vitória seria complexa. Precisamos continuar lutando no dia a dia. Nunca estivemos tão fortes como hoje e o regime nunca esteve tão fraco.

Hoje o medo está em outro lugar. Eles têm a violência como único recurso, mas não podemos cair em provocações.
María Corina em ato contra Maduro em Caracas

Ela também afirmou que a Venezuela estará "livre" de Maduro em breve. "Vocês são os heróis desta história. Cada venezuelano que não se rendeu, que sabe que vencemos... Edmundo González é o presidente eleito".

Oposição denuncia "repressão brutal" do governo chavista. A suspeita de irregularidades na eleição provocou uma onda de violência generalizada no país. Pelo menos 19 pessoas morreram e oposição fala em 11 desaparecidos. Maduro anunciou que mais de 1.200 manifestantes foram presos e ameaçou mandá-los para prisões de segurança máxima.

Candidato Edmundo González Urrutia não participa da manifestação. Ele e Corina foram ameaçados de prisão pelo regime chavista e estavam escondidos. Urrutia foi visto em pública pela última vez na terça (30) em um comício em Caracas.

Maduro diz que Corina e Urrutia promovem atos de violência e tentam dar um "golpe de Estado" com o apoio dos Estados Unidos. Na quarta (31), ele afirmou que os dois deveriam "estar atrás das grades".

Um dia antes dos atos, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) reafirmou a vitória de Maduro, mas não divulgou as atas eleitorais. A oposição e a comunidade internacional cobram os dados. O diplomata Celso Amorim afirmou que o Brasil está decepcionado com a demora para a divulgação das atas da eleição presidencial.

EUA reconheceram a vitória da oposição em comunicado assinado pelo secretário de Estado Antony Blinken. "Dada a evidência esmagadora, é claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia recebeu a maioria dos votos na eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela".

Manifestantes contra reeleição de Nicolás Maduro em protesto em Caracas Imagem: 3.ago.2024-Federico Parra/AFP

'Estamos lutando pela nossa liberdade'

Os manifestantes começaram a se reunir na capital cerca de duas horas antes do discurso de María Corina Machado, sem grande mobilização das forças de segurança.

"Maduro é ilegítimo. Não somos terroristas, estamos lutando por nosso país, pela liberdade. Peço a Maduro que ouça a voz de nossos irmãos, de todos aqueles que morreram", disse Jezzy Ramos, uma chef de cozinha de 36 anos, casada e mãe de uma filha, na manifestação.

"Estou defendendo a democracia e o voto, porque elegemos um presidente, isso é óbvio, as atas estão publicamente na internet (...). O governo não reconhece que perdeu. É um autogolpe", disse Sonell Molina, 55 anos, mãe de dois filhos, que vivem no Peru.

*Com informações de AFP

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