Amorim diz que Brasil está decepcionado com demora das atas na Venezuela

O assessor para Assuntos Internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, afirmou nesta quinta-feira (1º), que o Brasil está decepcionado com a demora para a divulgação das atas da eleição presidencial na Venezuela.

O que aconteceu

Amorim disse que a demora do Comitê Nacional Eleitoral decepcionou autoridades brasileiras. O chanceler afirmou ainda acreditar que a organização sem fins lucrativos que acompanha eleições ao redor do mundo, o Centro Carter, "não é manipulado". A declaração ocorreu para o programa É Notícia, apresentado pelo jornalista Kennedy Alencar na Rede TV. A entrevista completa irá ao ar hoje, às 23h45.

O assessor brasileiro disse ainda que o contexto venezuelano agrava a situação. "Em qualquer país, o ônus da prova está em quem acusa. Mas, no caso da Venezuela, o ônus da prova está em quem é acusado, em quem é objeto de suspeição. Em função de tudo o que já aconteceu, de todo o quadro político, há uma expectativa de que a Venezuela e o governo venezuelano possam provar a votação que ele alega ter tido."

Ele disse que as atas poderão sanar dúvidas em relação à contagem eleitoral. "Perguntei isso [sobre as atas] ao presidente Maduro disse que era uma questão de dois ou três dias", afirmou Amorim ao apresentador.

Amorim também criticou o governo de Benjamin Netanyahu em Israel. "Não se pode confundir o povo judeu, o governo Netanyahu e o estado de Israel. Nosso problema é com o governo Netanyahu. Se ele sai do poder pode ser que ele seja preso, há várias acusações sobre ele. A guerra é uma forma de ele se manter no poder."

Lula minimizou eleição sob suspeita de Maduro

Presidente afirmou na terça-feira (30) que não houve "nada de grave" ou "de assustador" nas eleições da Venezuela. Ele disse ainda que a contestação da reeleição de Nicolás Maduro pela oposição é "um processo normal". A fala foi em entrevista à TV Centro América, filiada da Rede Globo em Mato Grosso.

A fala não foi o reconhecimento do resultado por parte do governo brasileiro, segundo o presidente. Em conversa com Maduro, o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial da Presidência enviado para acompanhar a votação, reforçou o pedido de cobrança de atas, e o governo só deverá se pronunciar após uma revisão interna.

A eleição está resvalando em Lula desde antes do pleito. Aliado histórico de Maduro, Lula demorou a reconhecer que as prévias do processo eleitoral estavam passando por processos questionáveis, com duas candidatas da oposição impedidas de disputar o pleito.

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O presidente também comentou sobre a nota divulgada pelo PT. O partido disse ter considerado a eleição pacífica, democrática e soberana. Para Lula, o partido "fez o que tem de fazer" e o comunicado é um "elogio ao povo venezuelano pelas eleições pacíficas". Protestos têm se intensificado com violência e repressão.

Lula falou com presidente dos EUA, Joe Biden, nesta tarde sobre a Venezuela. Em nota, o Planalto disse que o brasileiro falou que é "fundamental a publicação das atas eleitorais", e o norte-americano teria concordado. O comunicado diz ainda que Lula afirmou que a posição do Brasil é "seguir trabalhando pela normalização do processo político no país vizinho".

Tem uma briga, como vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se ata tiver dúvida entre oposição e situação, oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça tomar o processo. Aí vai ter a decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo.

O PT reconheceu. A nota do PT reconhece, é um elogio ao povo venezuelano pelas eleições pacíficas que houveram e, ao mesmo tempo, reconhece que tribunal eleitoral já reconheceu Maduro como vitorioso, a oposição ainda não. Aí tem um processo. Não tem nada de grave, nada de assustador, vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a 3ª Guerra Mundial.
Lula, em entrevista à TV Centro-América

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