Sakamoto: Oposição tem chance na Venezuela, mas também vai ter que ceder
Colaboração para o UOL, em São Paulo
05/08/2024 18h57Atualizada em 06/08/2024 12h52
A oposição, representada por Edmundo González, tem chance na Venezuela, mas também vai ter que ceder se quiser bom diálogo com o ditador Nicolás Maduro e seu grupo político e aliados — o que inclui a ala militar —, afirmou o colunista do UOL Leonardo Sakamoto durante participação no UOL News 2ª Edição desta segunda-feira (5).
Hoje, González Urrutia publicou carta ao lado de María Corina e se autoproclamou presidente na Venezuela, clamando por apoio militar. A declaração foi feita por meio de carta aberta nas redes sociais.
Num momento de diálogo, o que o Brasil, o México e a Colômbia vão ter que propor para a mesa de negociação? Vão ter que propor que exista concessão de ambos os lados nesse processo. Não existe uma negociação sem concessão de ambos os lados. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
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A gente até discute isso com relação à guerra da Ucrânia. Quem acha que a guerra da Ucrânia não vai acabar com concessões de ambos os lados é porque não tá acompanhando o que está acontecendo e acha que um país com potência nuclear como a Rússia simplesmente vai falar 'opa, saí! Beleza'. Não é assim que funciona. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Não que a Venezuela seja uma potência nuclear, mas a Venezuela tem ao seu lado as Forças Armadas. Nessa carta pública, quando Gonzáles assume se declara vencedor, ele e os líderes da oposição acabam pedindo para os militares abandonarem o Maduro e irem para o lado deles. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Sakamoto lembra a forte relação que o regime Maduro possui com os militares venezuelanos — algo que começou ainda com Hugo Chávez.
Eles têm uma pedreira pela frente. Claro, como a gente comentou aqui, o Exército e as Forças Armadas não são um bloco monolítico na Venezuela, mas existe uma entrada muito forte das Forças Armadas dentro da estrutura, economia e política venezuelana. Isso deveria ter sido negociado antes com mais cuidado. É difícil imaginar uma saída, porque o Maduro também se autoproclamou vencedor, sem mostrar as atas, sem garantir transparência. A mesma transparência que temos no Brasil. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Neste momento, para um dos lados ceder, é difícil que o lado do Maduro vá topar sentar com a Carina Machado, que ele vê como uma de suas arqui-inimigas. Se a oposição quiser fazer esse diálogo com outros países — vamos deixar claro que é a melhor chance da oposição venezuelana em muito tempo —, eles vão ter que excluir a Corina Machado. Resta saber se ela vai topar ser excluída nesse momento. Claro, que uma vez se a oposição assume o poder, as coisas vão ser diferentes e ela vai ter um poder muito grande. Mas neste momento, ela vai ter que ser mais low profile. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
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