Irã vai sofrer consequências 'catastróficas' se atacar Israel, alertam EUA
Do UOL, em São Paulo*
17/08/2024 07h57Atualizada em 17/08/2024 07h57
Os Estados Unidos fizeram um alerta ao Irã de que o país sofrerá consequências "catastróficas" se decidir atacar Israel, segundo disse à AFP um funcionário do alto escalão do governo americano. Recentemente, o governo iraniano rejeitou os apelos feitos pelo Ocidente e prometeu se vingar de Israel por dois bombardeios no mês passado.
O que aconteceu
EUA alertam que retaliação pode prejudicar negociações por cessar-fogo em Gaza. Na sexta (16), terminou sem acordo a rodada de negociações no Qatar para uma trégua na região e a libertação dos reféns israelenses ainda em poder do grupo extremista Hamas. As tratativas, que giram em torno de um plano apresentado pelos EUA, serão retomadas na semana que vem.
Irã prometeu vingança após ataques atribuídos a Israel no mês passado. As ofensivas mataram o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, e o comandante do Hezbollah, Fuad Shukr. Haniyeh estava em Teerã para a posse do novo presidente iraniano, em 31 de julho, quando foi assassinado. Um dia antes, um ataque em Beirute, no Líbano, causou a morte de Shukr.
Aliados regionais do Irã no Líbano, Iraque e Iêmen participariam da investida. "A República Islâmica está determinada a defender sua soberania (...) e não pede a autorização de ninguém para usar seus direitos legítimos", declarou nesta terça-feira (13) o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Naser Kanani.
Não é a primeira vez que o país planeja uma retaliação contra Israel. Em abril, o Irã lançou drones e mísseis contra Israel, em resposta a um ataque contra o prédio da embaixada iraniana na Síria em que vários membros do alto escalão da Guarda Revolucionária foram mortos. Na ocasião, o governo israelense estimou que mais de cem drones foram lançados pelo Irã.
Queremos dissuadir os iranianos (...) de tomar este caminho porque as consequências seriam catastróficas, especialmente para o Irã.
Funcionário do governo dos EUA, em declaração à AFP
Apelos do Ocidente
Países haviam pedido ao Irã que abandonasse a ideia de retaliação. Os governos dos EUA, França, Reino Unido, Itália e Alemanha fizeram um apelo para que o Irã renunciasse às "ameaças contínuas" contra Israel. A Casa Branca já havia alertado que um ataque "poderia ter um impacto" nas negociações sobre um cessar-fogo em Gaza. Rússia e China também buscam evitar uma escalada.
Apelo não tem lógica política e constitui 'apoio a Israel', alega o Irã. O chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer chegaram a conversar por telefone com o presidente iraniano Masud Pezeshkian, que reforçou: "O Irã nunca se submeterá à pressão".
Irã poderia desistir da vingança em caso de trégua em Gaza, diz agência. Uma autoridade militar disse à Reuters que o Irã lançaria um ataque direto se as negociações em Gaza fracassassem ou se percebesse que Israel está arrastando as tratativas. Nesta semana, um bombardeio israelense matou dez membros de uma família em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza. Apenas um bebê de três meses sobreviveu.
EUA preveem 'série de ataques' e reforçam presença militar no Oriente Médio. A expectativa do governo americano é de que a retaliação aconteça ainda nesta semana, com "graves consequências" para a segurança na região. Os EUA enviaram um submarino com capacidade de lançar mísseis e um porta-aviões, em uma forte demonstração de apoio a Israel, seu tradicional aliado.
*Com AFP, Deutsche Welle e Reuters