Israel, indústria, aborto e mais: legal, lobby movimenta bilhões nos EUA

Com o lobby legalizado, empresas, bilionários e grandes grupos políticos investem pesado nas eleições dos Estados Unidos.

Como funciona

Eleições são decididas com grandes doações individuais. Segundo a organização OpenSecrets, que investiga os investidores de campanhas políticas nos Estados Unidos, Joe Biden recebeu 646 milhões de dólares, 61% do dinheiro usado em sua campanha, por meio de grandes doações em 2020. Já Donald Trump recebeu 396 milhões de dólares, 51,17% do dinheiro de sua campanha, pelo mesmo meio.

Doações são feitas por meio de PACs (Comitês de Ação Política). PACs são organizações que reúnem doações de campanha para repassá-las a campanhas e grupos no Congresso americano com intenções políticas específicas. Empresas e bilionários doam para comitês que representem suas crenças políticas, e assim fazem suas vozes serem ouvidas dentro da política americana. Conheça alguns dos temas influenciados pelos comitês.

O lobby pró-Israel que deve atrasar um cessar-fogo em Gaza

AIPAC é um dos maiores comitês de ação política dos Estados Unidos. O Comitê de Assuntos Públicos Entre Israel e Estados Unidos foi fundado em 1954 e influencia a política americana no Oriente Médio desde então. Nos anos 2000, foram vozes favoráveis à invasão do Iraque pelo governo americano, e recentemente apoiaram os ataques de Israel a palestinos em Gaza. A organização reúne mais de 4,5 milhões de membros e "uma vasta quantidade de doadores".

Maioria de doações são para Democratas. Segundo a organização independente OpenSecrets, candidaturas democratas receberam 30,23 milhões de dólares de comitês pró-Israel, sendo 19,6 milhões diretamente do AIPAC. Enquanto isso, campanhas republicanas receberam 20,15 milhões de dólares, sendo apenas 3 milhões do AIPAC.

Joe Biden é o político que mais recebeu fundos. Nos anos em que se candidatou a senador, o atual presidente recebeu 4,2 milhões de dólares de comitês pró-Israel, o mais alto entre todos os políticos. Em segundo, está o também democrata Bob Menendez, que recebeu 2,5 milhões de dólares, seguido pela ex-candidata à presidência, Hillary Clinton, que recebeu 2,36 milhões de dólares.

Investimentos favoráveis ao direito ao aborto são muito maiores que os contrários

3,7 milhões de dólares foram doados por associações pró-escolha em 2024. O Planned Parenthood (Paternidade Planejada) e o Reproductive Freedom for All (Liberdade Reprodutiva Para Todos) são os maiores doadores da causa. Entre os 10 maiores lobistas, todos são de tendência democrata ou liberal. Os contribuintes para os direitos ao aborto gastaram 30 milhões de dólares a mais do que os contribuintes para os direitos antiaborto nos ciclos eleitorais de 1990 a 2022.

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Lobby pró-escolha chegou a 10 milhões de dólares em 2022. Devido à anulação do direito constitucional das mulheres americanas ao aborto em 2022, grupos pró-escolha e bilionários favoráveis ao direito à operação aumentaram seus gastos políticos no tema. Embora o aborto ainda seja proibido em diversos estados americanos, o gasto neste ciclo eleitoral ainda não chegou na metade do que foi investido na última eleição.

Grupos anti-aborto investem menos, e somente em republicanos. Nestas eleições, somente quatro grupos estão doando contra o aborto, sendo o maior deles o Susan B. Anthony Pro-Life America. Até agora, candidaturas e grupos políticos do partido acumularam somente 402,5 mil dólares.

Dinheiro para controle de armas é maior que lobby para direitos

Investimento em democratas é maior que em republicanos. Grupos que querem maior controle de armas nos Estados Unidos, de orientação democrata, investiram 10,4 milhões de dólares nas eleições deste ano, enquanto organizações que miram em mais direitos para portadores injetaram 5,6 milhões de dólares neste ciclo eleitoral, especialmente em candidatos republicanos.

Maior doador democrata contribuiu com 87% dos investimentos pelo controle de armas. O grupo Everytown For Gun Safety (ou Toda Cidade Pela Segurança de Armas) foi fundado pelo bilionário democrata Michael Bloomberg, e diz "ter um plano para acabar com a violência armada". A organização doou quase 9 milhões de dólares para grupos políticos democratas dentro do Congresso.

Empresa privada de defesa é maior investidora em direitos de armas. Com 1,3 milhão de dólares doados a grupos conservadores da política americana, a Delta Defense LLC contribui financeiramente através de seu próprio PAC para haver legislações favoráveis aos portadores e donos de armas. Em seu site, a Delta Defense diz acreditar "no direito alienável de autodefesa".

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Grandes empresas dominam lobby sobre meio-ambiente

Petroleiras e mineradoras são maiores investidoras em lobby de meio-ambiente. Somente no ramo de petróleo e gás natural, os investimentos foram de 70 milhões de dólares, voltados especialmente a republicanos e grupos conservadores. Entre os maiores doadores, estão as Indústrias Koch, a Chevron, a Energy Transfer Partners e a Crownquest Operating, todas envolvidas com extração de combustíveis não-renováveis.

Kamala e Trump são maiores recipientes de dinheiro. Embora republicanos fiquem com 75% das doações a favor de combustíveis não-renováveis, os dois candidatos concorrendo à presidência receberam quase a mesma quantidade de fundos das empresas do ramo. Trump recebeu 2 milhões de dólares, enquanto foi destinado 1,8 milhão a Harris.

Investimentos políticos em ambientalismo também são altos. Grupos preocupados com mudanças climáticas e com o meio-ambiente contribuíram com 47,7 milhões de dólares, sendo 88% direcionados a democratas. Já os gastos de grupos relacionados a produções alternativas de energia foram de 11,8 milhões de dólares, sendo 61,5% direcionados a democratas.

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