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EUA: Preso morre com injeção letal horas após testemunha dizer que mentiu

O detento Freddie Owens, 46, morreu após aplicação de injeção letal na Carolina do Sul (EUA) Imagem: Reprodução/YouTube/News 19 WLTX

Do UOL, em São Paulo

20/09/2024 23h29Atualizada em 20/09/2024 23h29

O detento condenado por homicídio Freddie Owens, 46, morreu após aplicação de injeção letal na Carolina do Sul (EUA) nesta sexta-feira (20). A morte ocorreu horas depois que um corréu e testemunha, envolvido no caso, declarou que mentiu em depoimento e que o homem não estava no momento do assassinato.

O que aconteceu

Freddie foi condenado pelo assassinato da balconista de uma loja de conveniência na cidade de Greenville, na Carolina do Sul, durante um assalto em 1997. Enquanto aguardava julgamento, o preso matou outro detento em uma cadeia. A morte dele foi a primeira em 13 anos no estado em razão de uma pausa "forçada" do governo por não conseguir obter as substâncias necessárias para a aplicação das injeções letais.

Um médico entrou no recinto e declarou o homem morto pouco mais de 10 minutos depois. O óbito foi confirmado às 18h55 (no horário local; 19h55 no horário de Brasília).

Apelações feitas pela defesa do réu foram negadas até mesmo por um tribunal federal na manhã desta sexta-feira. Na quinta-feira (19), a Suprema Corte da Carolina do Sul negou a solicitação. O governador da Carolina do Sul e o diretor do sistema penitenciário local se manifestaram e afirmaram que o tribunal superior deveria negar a petição do homem.

Governador tinha o poder de mudar a sentença, mas também rejeitou o pedido. Henry McMaster argumentou que havia "revisado cuidadosamente e considerado cuidadosamente" o pedido de clemência do detento.

Lei da Carolina do Sul permite que presos no corredor da morte escolham forma que irão morrer. Entre as opções estão injeção letal, novo pelotão de fuzilamento ou a cadeira elétrica construída em 1912. No caso de Freddie, ele solicitou que o advogado dele escolhesse como ele morreria. O condenado argumentou que a escolha ocorreu por pensar que ele seria cúmplice de sua própria morte e que suas crenças religiosas reprovam o suicídio.

Testemunha mudou versão horas antes de execução

Declaração juramentada de corréu e testemunha foi apresentada pela defesa de Freddie dois dias antes da execução. Steven Golden, também envolvido no crime e cujo depoimento ajudou a condenar o réu, retrocedeu e relatou que o condenado não estava na loja no momento do assalto, contradizendo seu testemunho. Todavia, os promotores declararam que outros amigos do preso e a ex-namorada dele disseram que ele teria se "gabado" por matar a balconista.

Amigo de condenado afirmou que mentiu para não ir para o corredor da morte. Os membros da Suprema Corte apontaram que Steven não tinha advogados para explicar suas declarações recentes no documento e o homem também não indicou quem poderia ter matado a vítima, já que não teria sido Freddie, segundo a sua nova versão.

Corréu relatou que culpou o amigo porque ele estava sob efeito de cocaína e a polícia o pressionou alegando saber que eles dois estavam juntos. Na declaração juramentada, o homem ainda contou que temia o "verdadeiro assassino" do caso por pensar que ele poderia ser morto se o denunciasse à polícia.

No fim, Steven foi condenado a 28 anos de prisão após se declarar culpado em uma acusação menor de homicídio voluntário. "Estou me apresentando agora porque sei que a data de execução de Freddie é 20 de setembro e não quero que Freddie seja executado por algo que ele não fez. Isso pesou muito na minha mente e quero ter a consciência limpa", escreveu Golden em sua declaração.

"A Carolina do Sul está prestes a executar um homem por um crime que ele não cometeu. Continuaremos a advogar pelo Sr. Owens", disse o advogado Gerald "Bo" King em uma declaração dada antes da aplicação da sentença.

Na sua apelação final, os advogados do preso falaram que os promotores nunca apresentaram evidências científicas de que o homem puxou o gatilho. Eles ainda argumentaram que a principal evidência contra ele foi o corréu, que se declarou culpado por envolvimento na ocorrência, ter afirmado que Freddie era o assassino.

A defesa também argumentou que o homem tinha somente 19 anos quando o assassinato ocorreu. Eles reforçaram que o cliente teve danos cerebrais em razão de violência física e sexual que sofreu quando estava em uma prisão juvenil.

Condenação

A condenação de Freddie pelo assassinato de Irene Graves ocorreu em 1999. A promotoria afirmou que ele disparou um tiro na cabeça da vítima, que era mãe solo de três crianças e trabalhava em três empregos, após a mulher dizer que ela não conseguia abrir o cofre da loja.

O homem também atacou um colega de cela pouco antes de ser sentenciado pelo homicídio de Graves. Na ocasião, ele confessou o crime e deu detalhes de como esfaqueou Christopher Lee, queimou os olhos dele, o sufocou e pisoteou, acrescentando ainda que fez isso "porque foi injustamente condenado por assassinato", segundo relato escrito de um investigador.

O homem teve duas sentenças de pena capital diferentes anuladas em apelação, mas acabou voltando para o corredor da morte. Ele foi acusado de assassinato pela morte de Christopher, mas nunca foi julgado. Os promotores retiraram as acusações do crime contra o colega de cela em 2019, com possibilidades de restaurá-las.

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