Avião que caiu na Coreia do Sul fez 13 voos em 48 horas, diz agência
Do UOL, em São Paulo
30/12/2024 09h39Atualizada em 30/12/2024 12h20
O Boeing 737-800 da Jeju Air, que deixou 179 mortos em um acidente na Coreia do Sul, havia feito 13 voos em 48 horas antes de bater contra um muro durante o pouso.
O que aconteceu
Os dados levantam preocupações sobre o uso excessivo da aeronave em um curto período de tempo. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (30) pela agência pública de notícias Yonhap, após ouvir fontes da indústria sul-coreana.
O avião teria viajado entre Muan, local do acidente, Ilha de Jeju e Incheon em suas últimas 48 horas. Além disso, ele também realizou viagens internacionais, com destino a Pequim, Bangkok, Kota Kinabalu, Nagasaki e Taipei.
Segundo a agência, alguns dos trajetos eram de voos fretados para excursões em grupo. Os pacotes de viagens eram fechados por grupos privados e organizados principalmente por uma empresada sediada em Gwangju.
A Jeju Air foi apontada como um das companhias aéreas nacionais com maior taxa média mensal de voos por aeronave. De acordo com dados da própria empresa publicados pelo jornal The Sun, entre julho e setembro, cada avião da companhia voou cerca de 418 horas.
Ainda não está claro se as horas de voo contribuíram de alguma forma para o pior acidente aéreo da Coreia do Sul. Até o momento, autoridades acreditam que uma falha do trem de pouso ocorrida devido à colisão com pássaros pode ter causado o incidente.
Entenda o caso
O avião estava pousando quando perdeu o controle, saiu da pista e colidiu contra um muro. O acidente aconteceu por volta das 9h da manhã de domingo (29), no horário local, 21h da noite deste sábado (28), no horário de Brasília. Estavam a bordo 175 passageiros e seis tripulantes.
O acidente teria sido provocado por uma falha no trem de pouso da aeronave. A tripulação do Boeing 737-800 da Jeju Air foi alertada pela torre de controle sobre o risco de colisão com pássaros antes de tentar pousar, disse o Ministério dos Transportes sul-coreano. Ju Jong-wan, diretor da pasta, disse ao jornal The New York Times que as caixas-pretas do avião foram recuperadas, o que deve auxiliar nas investigações.
Duas pessoas foram resgatadas com vida. De acordo com a agência coreana Yonhap, com informações da Agência Nacional de Bombeiros, os resgates foram feitos a partir da cauda do avião, região menos atingida da aeronave. As duas pessoas encontradas vivas são da equipe de tripulação.
Dos que estavam a bordo, 82 eram homens e 93 eram mulheres, com idades variando de três a 78 anos. 77 corpos foram identificados até o momento. Segundo os bombeiros, as identidades dos menores sem identificação estão sendo confirmadas através de testes de DNA.
O avião estava retornando de Bangkok, na Tailândia. O acidente ocorreu após uma tentativa de pouso na província de Jeolla do Sul, a 288 quilômetros de Seul. De acordo com autoridades coreanas, no avião estavam 173 passageiros coreanos e dois tailandeses.
Governo coreano criou gabinete de emergência para tratar do acidente. Segundo a agência Yonhap, o Ministério dos Transportes do país também enviou para o local sete investigadores da comissão de investigação de acidentes aéreos e ferroviários, um chefe de tecnologia aeronáutica e um supervisor.
O presidente em exercício, Choi Sang-mok, decretou luto nacional de sete dias. Ele também expressou profundas condolências aos familiares enlutados e prometeu oferecer-lhes toda a assistência governamental possível.
Este é o acidente aéreo com o maior número de vítimas ocorrido na Coreia do Sul. Antes do desastre da Jeju Air, o acidente com maior perda de vidas havia sido o da Asiana Airlines Haenam, em 1993, que matou 66 pessoas.
O CEO da Jeju Air, Kim E-bae, apresentou um pedido de desculpas. Ele viajou para o aeroporto de Muan para pedir desculpas pessoalmente às famílias, mas foi recebido com hostilidade. Kim só chegou por volta das 20h, cerca de 11 horas após o acidente.