Israel e Líbano reabrem seus espaços aéreos; Jordânia mantém fechamento
Do UOL*, em São Paulo
01/10/2024 16h27Atualizada em 02/10/2024 00h10
Israel e o Líbano anunciaram nesta terça-feira (1º) a reabertura de seus espaços aéreos após fechamento provocado depois do Irã ter atacado Israel com mísseis. Já a Jordânia divulgou o fechamento de seu espaço aéreo.
O que aconteceu
Anúncio do fechamento no espaço aéreo libanês foi realizado pelo ministro das Obras Públicas e Transportes. Em publicação no X (antigo Twitter), Ali Hamié, declarou que "devido aos acontecimentos regionais, o espaço aéreo ficará fechado durante duas horas" ao menos. A reabertura também foi anunciada por ele na rede social, conforme o prazo previsto inicialmente. Segundo Hamié, a decisão para a retomada ocorreu após acompanhamento e sugestão da direção-geral da aviação civil local.
O espaço aéreo israelense também foi reaberto nesta terça-feira (1º), anunciaram as autoridades aeroportuárias. "O espaço aéreo está aberto. As decolagens e aterrissagens serão retomadas [nos aeroportos] na próxima hora", declararam as autoridades em um comunicado.
Já a Jordânia informou a suspensão do tráfego aéreo após o ataque. De acordo com um comunicado de imprensa da aviação civil, "o espaço aéreo jordaniano está temporariamente fechado" e todas as partidas e chegadas estão suspensas.
Jornalistas da Reuters relataram que mísseis lançados pelo Irã foram interceptados no espaço aéreo da Jordânia. Conforme a CNN Internacional, as forças armadas jordanianas colocaram todas as unidades e formações em "alerta máximo para confrontar quaisquer tentativas que ameacem a segurança e a estabilidade do reino". A declaração ainda acrescentou que o comando-geral monitora de perto "os desenvolvimentos que ocorrem na região e tomou as medidas de precaução necessárias para construir e apoiar unidades de linha de frente nas frentes de fronteira para proteger a pátria".
O Aeroporto Internacional de Teerã, no Irã, divulgou que suspendeu os voos após o ataque com mísseis lançado pelo Irã contra Israel. "Por enquanto, suspendemos os voos de entrada e saída do Aeroporto Internacional de Teerã até que a autorização de voo seja emitida", disse o chefe do Aeroporto Internacional de Teerã, Saïd Chalandari.
Ataque iraniano contra Israel
O Irã lançou mísseis em direção a Israel nesta terça-feira (1º), fazendo sirenes de alerta soarem em todo território. Governo de Netanyahu disse que responderá "no momento certo", enquanto a ONU alertou para a escalada do conflito.
A Guarda Revolucionária Islâmica do Irã confirmou que disparou dezenas de mísseis contra Israel. Os ataques teriam ocorrido em duas ondas, com uma diferença de dez minutos entre as duas. Explosões foram ouvidas em Tel Aviv e Jerusalém.
O Irã confirmou que 200 mísseis foram lançados contra Israel, segundo a TV estatal do país. As sirenes tocam por volta das 20h (horário local) em Tel Aviv, e os ataques cessaram pouco mais de uma hora depois. Fontes israelenses confirmaram que uma parte caiu sobre cidades, enquanto muitos teriam sido interceptados.
Nenhum ferido foi relatado. Anúncio do governo de Israel diz que pessoas já podem deixar abrigos, e que não espera mais ataques do Irã.
Já os iranianos insistem que 80% de seus mísseis "atingiram os alvos", sem dar detalhes. A inteligência americana indicou que o destino dos mísseis teriam sido duas bases militares e um centro de inteligência.
A Guarda Revolucionária Islâmica do Irã alertou que essa seria apenas a primeira onda de ataques. Ação seria uma resposta aos assassinatos dos líderes do Hezbollah e Hamas.
Hamas elogiou ataques de mísseis iranianos em vingança pelas mortes de líderes militantes. "Parabenizamos o lançamento heroico de foguetes realizado pelo Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, em grandes áreas de nossos territórios ocupados, em resposta aos crimes contínuos da ocupação contra os povos da região e em retaliação pelo sangue dos mártires heroicos de nossa nação", disse a declaração do grupo extremista que controla o território palestino de Gaza, conforme relatado pela Reuters.
Com a ajuda de Deus, os golpes da frente rebelde se tornarão mais fortes e mais dolorosos sobre o corpo desgastado e apodrecido do regime sionista.
Ali Khamenei, líder supremo do Irã, no X
Israel promete resposta
Israel alertou que "haverá uma retaliação, no momento certo". "Estamos em alerta máximo na defesa e na ofensiva, protegeremos os cidadãos de Israel. Esse disparo (de míssil) terá consequências. Temos planos e agiremos na hora e no lugar que escolhermos", disse o porta-voz das forças israelenses, o contra-almirante Daniel Hagari.
O governo de Netanyahu também declarou que o Irã "pagará um preço elevado". Durante os ataques, Israel fechou o espaço aéreo e todos os aeroportos deixaram de funcionar, mas tudo já foi normalizado. A mídia israelense citou os militares do país, dizendo que a Força Aérea continuará a realizar "ataques poderosos" esta noite em todo Oriente Médio.
Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou "a ampliação do conflito no Oriente Médio, com escalada após escalada". "Isso precisa acabar. Precisamos absolutamente de um cessar-fogo", disse.
O presidente Joe Biden orientou as forças armadas dos EUA a ajudar na defesa de Israel. Além disso, determinou a abater mísseis que tenham o país como alvo.
Nas periferias de Beirute, a notícia dos ataques foi comemorada, com fogos de artifício por parte dos apoiadores do Hezbollah. Na televisão iraniana, as imagens mostraram atos de apoio aos ataques em Teerã, com pessoas comemorando com bandeiras e carreatas.
Estamos atacando o coração da entidade de ocupação sionista. Caso Israel responda, nós os atingiremos mil vezes mais fortes
Guarda Revolucionária iraniana, no momento dos ataques
O sistema de defesa aérea está totalmente operacional, detectando e interceptando ameaças sempre que necessário, mesmo neste momento. Porém, a defesa não é hermética e, por isso, é fundamental seguir as instruções do Comando da Frente Interna. Você poderá ouvir explosões, que podem ser resultado de interceptações ou impactos.
Nota de Daniel Hagari, porta-voz das FDI, em nota emitida durante os ataques
Universidade de Tel Aviv foi atingida, informa imprensa iraniana. Em Jerusalém, explosões também estão sendo ouvidas, disseram testemunhas à Reuters.
Morte de líderes e mensagem de Netanyahu motivaram ataque do Irã
Ao contrário dos ataques telegrafados de abril, quando os iranianos avisaram por canais informais que iriam lançar mísseis sobre Israel, desta vez a ofensiva foi radicalmente diferente. O assassinato de lideranças e a ofensiva terrestre colocaram uma pressão inédita para que Ali Khomenei tivesse de agir.
Recado de Netanyahu a iranianos foi estopim. Segundo fontes na região, foi uma mensagem de vídeo do premiê, endereçada ao povo do Irã e com legendas em farsi, que criou uma situação insustentável para o regime dos ayatollahs. No recado, o israelense dizia que eles "logo estariam livres".
O temor entre diplomatas estrangeiros, porém, é de que Israel agora responda, principalmente contra as instalações nucleares do Irã. Num comunicado oficial, a diplomacia iraniana na ONU afirmou: "A resposta legal, racional e legítima do Irã aos atos terroristas do regime sionista — que envolveu o ataque a cidadãos e interesses iranianos e a violação da soberania nacional da República Islâmica do Irã — foi devidamente executada", disse.
"Se o regime sionista ousar responder ou cometer outros atos de malevolência, haverá uma resposta subsequente e esmagadora. Os estados regionais e os apoiadores dos sionistas são aconselhados a se separar do regime", apontou a diplomacia iraniana na ONU.
EUA emitem alerta e pedem que funcionários procurem abrigos
A embaixada norte-americana ordenou que todos seus funcionários busquem os abrigos, enquanto as instruções do governo israelense é para que todos os eventos sejam cancelados. O país marca nesta semana o Rosh Hashanah, o ano novo judaico, a partir de quarta-feira (2).
Nos EUA, o presidente Joe Biden cancelou seus eventos, inclusive com a comunidade judaica, para reuniões de emergência. O governo norte-americano prometeu uma resposta "severa" aos iranianos, caso esses ataques ocorressem. A Casa Branca também estabeleceu acordos com países como Jordânia para ajudar na interceptação dos mísseis.
(Com AFP e RFI)