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Furacão Milton: o que explica estragos menores do que o previsto na Flórida

Moradora volta à rua de sua casa após passagem do furacão Milton. Tempestade chegou a alcançar categoria 5 antes de tocar o solo na Flórida (EUA) Imagem: Thomas Simonetti for The Washington Post via Getty Images

Colaboração para o UOL*

11/10/2024 16h06

Após dias de alerta por parte das autoridades de diferentes cidades da Flórida, nos Estados Unidos, a passagem do furacão Milton foi menos grave do que se imaginava. Preparação para o pior cenário possível e colaboração dos moradores auxiliaram na prevenção contra a tempestade, que foi perdendo força conforme se encaminhava para a região.

Por que Milton foi menos caótico do que o esperado

Após atingir força máxima, Milton perdeu potência ao chegar no continente. A tempestade derrubou cabos de energia, arrancou o telhado do estádio de beisebol de Tampa (veja no vídeo abaixo) e inundou casas. No entanto, o estado da Flórida não sofreu a devastação catastrófica que as autoridades locais temiam. Quando tocou o solo norte-americano, a tempestade já havia perdido parte de sua potência registrada nas horas anteriores.

Ordens de evacuação foram cruciais para preservar vidas. Segundo as autoridades, a evacuação adequada de parte da população evitou que mais mortes fossem contabilizadas. Mais de 90 mil habitantes procuraram abrigos fornecidos pelo governo durante a tempestade.

Região de Tampa Bay, que era tida como um dos principais alvos na rota de Milton, não recebeu a pior perspectiva da tempestade. Já as ilhas que servem como barreiras na costa, ao sul da cidade, sofreram com grandes inundações. Mesmo com as enchentes, não houve aumento "catastrófico" no nível do oceano.

Quantidade de destroços é menor do que o esperado. Em entrevista ao portal NPR, o Coronel Brandon Bowman descreveu a visita que fez na última quinta-feira (10), em Tampa, uma das cidades atingidas por Milton. "A água do Tampa Bypass Canal estava bem limpa, livre de árvores e troncos. O canal estava em uma condição muito boa." Segundo ele, foi possível identificar cercas e árvores caídas pela cidade. "No entanto, as casas estavam em boas condições, baseado na proporção da tempestade que passou", declarou.

Foi menos estrago do que antecipei. Eu sempre prefiro me preparar para o pior cenário possível. Se eu acredito que [um furacão] categoria 4 irá chegar, eu sempre elevo o nível para uma categoria acima [...] Estávamos preparados para uma chegada de categoria 5; receber uma chegada de categoria 3 foi uma ótima notícia. Coronel Brandon Bowman

O cenário pós-furacão

Governador da Flórida declarou que situação está "estabilizada". Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (11), Ron DeSantis pediu para que a população siga "tomando as decisões apropriadas" no cenário pós-furacão. "Nós vemos destroços. Não tantos destroços quanto eu havia antecipado, honestamente, há 48 horas."

A tempestade foi significativa, mas felizmente este não foi o pior cenário. Ron DeSantis, governador da Flórida

Autoridades seguem atualizando número de mortos. Ao menos seis pessoas morreram no condado de St. Lucie, quatro no condado de Volusia, duas no condado de Pinellas e uma nos condados de Hillsborough, Polk, Orange e Citrus.

Parte da população local segue sem energia elétrica. Conforme o site especializado PowerOutage.us, mais de 2,2 milhões de moradores da Flórida estão sem luz na tarde desta sexta-feira (11).

Guindaste despenca e destroços se espalham durante chuvas fortes causadas pelo furacão Milton em St. Petersburg Imagem: Mike's Weather Page via Reuters

Flórida ainda enfrenta risco de transbordamento de rios após 457 milímetros de chuva. A expectativa das autoridades indicava que os rios atingissem vazão máxima. No entanto, o nível da água ficou abaixo do esperado e é menor que o registrado após a passagem de Helene.

Furacão Helene causou estragos ainda maiores. Tempestade que devastou parte do sudeste dos Estados Unidos no final de setembro matou pelo menos 230 pessoas e foi o furacão mais fatal a atingir os Estados Unidos desde o Katrina, em 2005. Segundo o portal da revista Forbes, 1.400 pessoas seguem desaparecidas nos estados atingidos por Helene.

Resgates cinematográficos em passagem do Milton

Guarda-costeira resgatou homem que flutuava sobre refrigerador. Na manhã seguinte à tempestade, as autoridades norte-americanas resgataram, com um helicóptero, um homem que navegava no Golfo do México e sobreviveu à passagem de Milton. Segundo a guarda-costeira, a vítima resistiu a ventos de até 145 km/h e ondas de quase oito metros de altura durante sua noite na água (assista a seguir).

Adolescente foi resgatado de enchente. Jovem de 14 anos foi encontrado enquanto tentava se salvar da inundação, em cima de um pedaço de cerca, na cidade de Hillsborough. Veja abaixo:

O que aconteceu

Furacão tocou o solo da Flórida na noite da última quarta-feira (9). Dados de satélite indicaram que o olho da tempestade atingiu primeiro Siesta Key, no Condado de Sarasota. O fenômeno chegou à costa acompanhado de ventos máximos estimados em 193 km/h, conforme relatório do NHC (sigla em inglês para Central Nacional de Furacões).

Milton surgiu na costa mexicana. O fenômeno se intensificou rapidamente entre segunda (7) e terça-feira (8), com rajadas de vento ultrapassando os 280 km/h. Após passagem pela Flórida, a tempestade seguiu pela costa leste, em direção a Bahamas, perdeu força e foi rebaixada para categoria 1.

Mudanças climáticas intensificaram força do furacão. Segundo estudo da rede World Weather Attribution, a WWA, divulgado nesta sexta-feira (11), as chuvas que acompanharam Milton foram entre 20% e 30% mais intensas do que o comum, enquanto os ventos foram 10% mais fortes. O aquecimento das águas no Golfo do México fizeram com que a tempestade ganhasse força extrema em um curto período.

*Com informações da AFP e Reuters.

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